A situação foi hoje confirmada à agência Lusa, pelo administrador de Cacuaco. Segundo Carlos Alberto Cavukila, trata-se de funcionários administrativos, da área de jardinagem e limpeza, que trabalham em regime de contrato, pagos pela rubrica "bens e serviços".

Carlos Cavukila frisou que os encargos salariais desta rubrica são "qualquer coisa como 108 milhões de kwanzas por ano".

O dirigente salientou que a administração vive este condicionamento financeiro desde 2014.

"O que eu recebo não ultrapassa 12 milhões de kwanzas anuais, quando eu preciso de 9 milhões de kwanzas mensais. Quer dizer que por ano eu preciso de qualquer coisa como 108 milhões de kwanzas, portanto essas são as razões do atraso do pagamento, significa dizer que o que a gente recebe na rubrica bens e serviços não cobre as necessidades do pagamento dos salários", disse.

De acordo com o administrador de Cacuaco, um dos nove municípios que compõem a capital angolana, o problema do atraso salarial para os funcionários em regime de contrato também se regista noutros municípios, situação que é já do domínio do Governo da Província de Luanda e de outras entidades.

"Nós já fizemos o levantamento todo, já enviámos ao Ministério das Finanças e o governo provincial e estamos à espera que nos ajudem a resolver o problema, mas esse não é só um problema do município de Cacuaco, é um problema de quase todos municípios, lá onde há pessoal em regime de contrato", explicou.

Questionado sobre o estado de espírito dos trabalhadores que há sete meses não recebem os seus salários, Carlos Alberto Cavukila disse que "é natural que uma pessoa que fica sem receber se sinta mal".

"Eu mesmo enquanto administrador me sinto mal por não ter possibilidade e capacidade financeira de poder pagar essas pessoas, aliás, eu sou o primeiro a me sentir mal", admitiu.

O administrador referiu ainda "acreditar na boa-fé das entidades em resolver a situação", pedindo calma aos trabalhadores que se encontram nessa situação.

"Que haja calma, que estamos empenhados em resolver (a situação), não é nossa vontade em não pagar, se tivéssemos teríamos pago, mas como não temos não podemos fazer absolutamente nada", disse.

"Vamos ter que aguardar até que as instâncias superiores consigam nos ajudar ou se conseguirmos localmente algum recurso que possa fazer cobertura", concluiu.