E a possibilidade de surgir uma "surpresa" é para ser levada a sério porque o aviso vem da própria filha de Raul Castro, Mariela Castro, sobrinha do histórico líder cubano Fidel Castro, que governou a ilha caribenha durante mais de seio século, desde que os guerrilheiros "barbudos", da Sierra Maestra, liderados por Fidel e Raul Castro e Ernesto "Che" Guevara depuseram o ditador Fulgêncio Baptista, em 1959.

Certo, para já, é que Raul Castro, que sucedeu ao irmão, Fidel, quando tinha 76 anos, em 2008, apontou Fevereiro de 2018 como limite para exercer o cargo de Presidente de Cuba, embora deva manter-se à frente do Partido Comunista de Cuba até 2021.

A sucessão de Raul Castro assume especial importância no actual contexto, do qual emerge a reaproximação diplomática de Cuba aos Estados Unidos da América na Administração Obama, perspectivando isso uma paulatina abertura do regime, para a qual o nome do futuro líder cubano dará um sinal claro de incremento ou de protelamento.

Até ao momento, desde que Havana e Washington reataram as relações diplomáticas, depois de décadas de costas voltadas, tem-se registado uma relativa abertura, com maior fluxo de turistas norte-americanos, e, até de abertura económica com o surgimento de projectos e negócios de iniciativa privada.

E essa abertura é apontada pelos media internacionais, como o Business Insider, ao eventual sucessor de Raul Castro, o actual Vice-presidente e ex-ministro da Educação, que foi responsável directo pela recente abertura verificada nos media cubano bem como na facilitação no acesso à internet na ilha caribenha.

Perante este cenário, acrescido do facto de Diaz-Canel ser o primeiro cubano nascido depois da Revolução de finais da década de 1950 a chegar a este patamar do poder - uma Vice-presidência -, é natural que receba os aplausos dos media norte-americanos, e de outras latitudes.

Só que resta saber a que tipo de surpresa se refere a filha de Raul Castro, Mariela. Todavia, tudo aponta para que se trate de alguém com ainda maior propensão para a abertura que Miguel Diaz-Canel, visto que ela própria é considerada, no contexto cubano, uma liberal economicamente e uma revolucionária na questão dos costumes, integrando mesmo campanhas de prevenção contra do HIV e de aceitação de direitos de homossexuais, bissexuais e travestismo e transexualidade.

É mesmo considerada a revolucionária da família Castro por algumas das pessoas mais próximas de Raul Castro.

É neste contexto que está a ser dada importância esta sua frase vagamente enigmática: "Por vezes, vai-se numa direcção e de repente olha e constata 'Uau! Que interessante. Não tinha visto esta pessoa. Há sempre surpresas".

Está, todavia, garantido, a crer no que a própria disse, que não será ela mesma uma candidata à sucessão do pai.