Numa comunicação feita por teleconferência, Dhlakama considerou este seu anúncio como uma "novidade", visto que, apesar de já decorrerem tréguas há alguns meses, estas tinham sempre um prazo estipulado para vigorar.

Citado pela imprensa moçambicana, o presidente da Renamo deixou em aberto a possibilidade de esta ser uma decisão que garante a paz definitiva em Moçambique, depois de mais de um ano de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças Armadas moçambicanas, essencialmente no Centro e Norte do país, bem como uma sucessão de ataques a camiões e autocarros, de forma indiscriminada, bem como a esquadras de polícia e outras instituições do Estado.

"Hoje há uma novidade, porque a trégua será diferente daquelas tréguas que já pude anunciar", disse Dhlakama, salientando ainda que sempre disse que "se tudo corresse bem, se o Governo correspondesse, poderia dar a trégua sem prazo".

O presidente da Renamo deixou ainda saber que foi sensível aos sucessivos apelos de empresários nacionais e estrangeiros para que as tréguas deixem de estar sujeitas a um prazo definido, como forma de dar mais garantias e diminuir os receios de novos combates.

A isto sucederá, segundo Afonso Dhlakama, a retirada das Forças de Defesa e Segurança do Estado da Gorongosa, onde a Renamo tem as suas mais importantes bases, já a partir da próxima segunda-feira, citando o Presidente Filipe Nyusi como garantia deste calendário de desanuviamento da tensão no país.

"A guerra acabou (disse, referindo-se ao fim dos confrontos no terreno) e é preciso que as forças de segurança - militares e policiais - retirem da Gorongosa porque já não há justificação para ali se manterem", afirmou, sublinhando que esse sinal corresponderá a uma boa resposta ao sinal de boa vontade dado pela Renamo.

Todavia, Afonso Dhlakama alertou para o facto de agora se seguir a assinatura de um acordo, o que será a formalização da paz no país.

O actual cenário "Não significa o fim da guerra, apenas que é o início do fim da guerra", declarou o Presidente do maior partido da oposição moçambicano que, entre 1977 e 1994 travou uma trágica guerra civil com a Frelimo, actualmente no poder, que provocou mais de um milhão de mortos e mais de cinco milhões de deslocados e milhares de amputados.