Há, por cá, todos os tipos de personagens; é por isso que os antigos presidentes dos Estados Unidos e os seus próximos fazem fortunas vendendo livros depois de abandonar os cargos. O público quer saber a verdade nua e crua. Mas há, também, aquela verdade que vem da ficção. Haverá, no futuro, muitos romances, peças teatrais, etc., baseadas na administração de Donald Trump. É que há vezes que sinto que a verdade é mais estranha que a ficção.

Vejamos só. A administração Trump justifica a exoneração do director da FBI dizendo que o mesmo tratou muito mal Hillary Clinton na última campanha. James Comey, diz-se, não deveria ter dado uma conferência de imprensa para falar da investigação que estava a ser feita no tempo em que Hillary Clinton era Secretária do Estado. Várias figuras, a defenderem a acção do Presidente Trump, estão a insistir em entrevistas que James Comey é um medíocre e que não estava à altura do seu cargo.

Vamos rebobinar seis meses atrás, durante a campanha. Não foi o mesmo Presidente Trump que não parava de louvar James Comey? Não foi este mesmo Presidente que rejeitava os argumentos dos que insistiam que as acções do Comey poderiam transtornar a justiça do processo eleitoral e prejudicar Hillary Clinton?

Os defensores da acção da administração insistem que o Trump que está na Casa Branca tem pouco a ver com o Trump de há seis meses atrás - o candidato. Eu votei - pela primeira vez na vida - em Hillary Clinton e, como milhares de outros, fiquei profundamente decepcionado com a vitória de Donald Trump. A minha grande consolação foi que no sistema político americano há vários mecanismos que servem como contrapeso para evitar a concentração do poder numa só figura ou instituição. Também sou daqueles que acreditam que ao Presidente Donald Trump devem ser dados oportunidade e espaço para poder (dentro da lei) poder implementar o seu programa.

(Leia a opinião de Sousa Jamba na íntegra na edição 482 do Novo Jornal, também disponível por assinatura digital, que pode pagar no Multicaixa)