O alerta, lançado nas últimas horas, resulta de informação fornecida à OMS pelo Ministério d Saúde da RDC, sobre a detecção de uma epidemia do vírus do Ebola em Likati, Bas-Uéle, uma região de difícil acesso, o que torna uma resposta das autoridades sanitárias nacionais e internacionais muito complicada.

Mas a OMS deixa ainda um sublinhado para o facto de essa inacessibilidade ser ainda responsável pela escassa informação existente sobre a dimensão da epidemia.

Este facto está a gerar preocupação tanto junto das autoridades sanitárias congolesas e centro-africanas, devido à proximidade da fronteira com a República Centro-Africana, mas também na comunidade internacional, até porque ainda está muito fresca na memória a recente epidemia que dizimou milhares de pessoas na África do Oeste, nomeadamente na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa, gerando pânico global devido aos casos transportados para a Europa e EUA.

Até ao momento, ainda segundo a OMS, que cita o Ministério da Saúde congolês, foram feitas cinco recolhas de sangue de carácter urgente na zona afectada e as análises realizadas no Instituto Nacional de Pesquisa Biomédica da RDC resultaram na confirmação de um caso de infecção pelo vírus do Ebola.

Na informação enviada pelo ministro da Saúde da RDC, Oly Ilunga Kalenga, à OMS, e confirmada por uma nota autónoma do seu ministério, nas últimas três semanas foram registadas duas mortes provocadas por uma febre hemorrágica e, ao que tudo indica, seja Ebola, havendo um número indefinido ainda de casos suspeitos.

As autoridades congolesas e a OMS estão a encarar a resposta a esta epidemia, com potencial de alastramento rápido devido às escassa informação e aos difíceis acessos à região de Likati, como uma "urgência de carácter internacional".

A OMS já se disponibilizou para um empenho conjunto, incluindo organizações internacionais, como laboratórios e as com capacidade para enviar para o local equipas especializadas, no sentido de debelar esta epidemia naquilo que se pensa ser uma fase inicial, embora só nos próximos dias se deverá conhecer a real extensão da propagação do vírus.

A anterior epidemia de Ebola no continente africano, que assolou a África do Oeste, só foi considerada extinta em 2016 pela OMS, tendo sido declarada em 2014, deixando um rasto de mais de 11 mil mortos e dezenas de milhares de infectados, provocando o caos social e disrupções de carácter organizacional e social nos países afectados com severo impacto nas suas economias.

Uma das razões para o receio de alastramento da doença é a situação quase generalizada de conflitos em todo o país, desde os Kivu, Norte e Sul, às zonas mais a Sul, como o Kasai, junto à fronteira com Angola, e ainda à instabilidade política em KInshasa, devido à crise eleitoral que ali a RDC atravessa, que pode diminuir a eficacia da resposta necessária.

Devido à natureza da região em que a actual epidemia ocorre na RDC, com a fronteira da RCA, existe o receio fundado de uma repetição da devastação causada pelo vírus no países oeste-africanos.