Shakespeare tem razão. Mesmo que não queiramos dar conta disso, a verdade é que, a vários níveis, o nosso Reino se está a desmoronar.

Perdemos a bússola no alto mar e agora não estamos a ser capazes de enfrentar com serenidade a tempestade da crise gerada pela má gestão dos dinheiros públicos.

Já não estamos sequer a ser capazes de fornecer energia às instituições públicas.

Alguém se lembra de ter admitido no passado que teríamos hoje a maioria dos Ministérios a funcionar a meio gás por não terem luz?

Instalados no mesmo edifício e beneficiando da energia dos mesmos grupos de geradores, custa perceber como, vezes sem conta, o Ministério da Habitação vegeta na escuridão, enquanto o Ministério da Construção funciona tranquilamente...

Um deles, atolado em dívidas junto da Sonangol, deixou de ter dinheiro para comparticipar as despesas inerentes à compra do combustível...

Com os bolsos rotos depois de uma longa maratona de desperdício, nalguns Ministérios não há dinheiro para carregar os tinteiros das impressoras.

Noutros Ministérios estamos a assistir à distribuição de resmas de papel A3 para serem cortadas e transformadas pelos funcionários em resmas de papel A4. Peço desculpa pelo atraso, mas esta é agora uma das facetas do nosso Reino...

E, por isso, não espanta que tenhamos uma salada russa à volta da publicação das Contas Nacionais.

Com estes ziguezagues todos onde vai parar a credibilidade do Governo?

Como se tudo já não bastasse para "enfeitar" o nosso Reino, eis que nos surge, triunfal e sorridente, a Directora do INADEC a publicitar a imagem de uma multinacional cuja comercialização dos produtos em Angola é escrutinada pelo organismo que dirige.

Nunca tinha visto tamanha promiscuidade numa área tão sensível quanto a do exercício da cidadania na protecção dos interesses do consumidor.

(Leia a crónica de Gustavo Costa na íntegra na edição 482 do Novo Jornal, também disponível por assinatura digital, que pode pagar no Multicaixa)