Este valor compara em baixa com os períodos anteriores, onde o BNA entregou à banca comercial valores significativamente superiores, mais de 164 milhões numa e 265 milhões na outra.

Para o sector produtivo, aquisição de máquinas e matérias-primas, estão destinados 36 milhões de euros, o sector petrolífero recebeu 14,3 milhões de euros, as telecomunicações nove milhões, as casas de câmbio, pouco mais de dois milhões, sensivelmente o mesmo (2,2 milhões) para remessas, e menos de um milhão para as companhias aéreas.

A crise provocada pela baixa do preço do petróleo justifica esta míngua de divisas e o facto de desde 2016 o BNA disponibilizar apenas euros resulta da saída do país de bancos correspondentes para o acesso a dólares norte-americanos.

A Lusa lembra que esta conjuntura levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.

Além disso, devido à suspensão de acordos com bancos estrangeiros para correspondentes bancários para compra de dólares desde 2016, a banca angolana apenas consegue comprar divisas ao BNA, no caso euros, como explicou em Abril o governador do banco central.

"Não poderíamos ter o azar de os bancos correspondentes deixarem de fazer operações em euros. E havia este risco. Já perdemos as operações em dólares. Se perdêssemos as operações em euros era uma catástrofe para Angola, porque Angola deixaria de importar medicamentos, alimentação e todos os outros produtos necessários", disse Valter Filipe.

O governador do BNA admitiu que a redução do preço do barril do petróleo em 60%, durante os anos de 2014 e 2015, levou a uma crise económica e financeira com impactos também a nível cambial, com o país a perder as suas reservas internacionais.

"Em menos de seis meses, Angola entraria em situação de crise cambial. Em outros termos, Angola deixaria de ter dinheiro suficiente para importar as mercadorias necessárias para o consumo interno", disse ainda Valter Filipe, justificando desta forma as restrições impostas à venda de divisas nos bancos comerciais desde 2015.

A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada pelo banco central no final da última semana, manteve-se praticamente inalterada nos 166,739 kwanzas por cada dólar e nos 186,293 kwanzas por cada euro.

No mercado de rua, avança ainda a Lusa, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, cada dólar norte-americano custa à volta de 370 kwanzas.