Referindo-se especificamente à instabilidade das milícias e outras "forças negativas" que estão a "causar pânico e terror" no país vizinho, o oficial angolano, perante os seus homólogos dos países que compõem a Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), apelou ao reforço dos mecanismos da organização sub-regional criados para a estabilização dos países membros a atravessar crises político-militares, como é claramente o caso da RDC, e permitir que este país realize as suas eleições gerais de forma normal.

Esta mensagem clara de Geraldo Nunda enfatiza a preocupação angolana sobre a instabilidade permanente que varre a RDC, há décadas no Nordeste do país, nomeadamente nas províncias dos Kivu Norte e Sul, fronteiriças ao Ruanda e ao Uganda, e, mais recentemente, nos Kasai e Kasai Oriental, regiões congolesas vizinhas do Norte de Angola (Lunda Norte e Sul), onde as denominadas milícias de Kamwuina Nsapu espalham o terror entres as populações que procuram, aos milhares, refúgio em território angolano, sendo já mais de 30 mil.

Recorde-se que estas palavras do General Nunda encaixam no discurso que o Presidente José Eduardo dos Santos fez na última reunião de Chefes de Estado da CIRGL, onde apelou ao reforço, por parte dos países membros, do contingente já presente no terreno, nomeadamente no seio da missão da ONU, MONUSCO, que procuram combater as guerrilhas estrangeiras que desestabilizam a RDC.

A RDC é, actualmente, o país que mais receios gera na comunidade internacional de provocar uma expansão regional da violência, tendo em conta que os focos de instabilidade interna são gerados no exterior, como é o casos das guerrilha com origem no Ruanda (FDLR) ou do Uganda (ADF), que operam nos Kivus, ou com grande potencial de atravessar fronteiras, como é o caso do conflito étnico-tribal que está a deixar a ferro e fogo os Kasai e Kasai Oriental, regiões que confinam com Angola.

Essa a razão pela qual o próprio General Nunda já admitiu que as FAA estão a deslocar meios militares para a região, incluindo a presença de miliares angolanos em território congolês na região de fronteira, por forma a erguer uma barreira à eventual contaminação dos conflitos para o lado angolano.

Este encontro das chefias militares da CIRGL antecipa e prepara a reunião do comité de ministros da Defesa da CIRGL, que tem lugar amanhã, na capital angolana, por iniciativa do Presidente José Eduardo dos Santos, actualmente na liderança da organização.

Alargando o olhar sobre a região, o CEMGFAA, citado pela Angop, defendeu, perante os seus pares, a necessidade de conjugar esforços para manter uma organização forte e eficaz que sirva de base para uma ordem jurídica regional que promova a confiança entre os estados e fortaleça as relações de cooperação entre os países da CIRGL.