A medida foi imediatamente apoiada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, que justificou o apoio ao isolamento do Qatar com a alusão de que o pequeno País, rico em gás natural, financiava grupos extremistas.

Doha tem rejeitado as acusações de que financiou grupos terroristas e considerou o bloqueio dos países vizinhos "baseado em alegações sem fundamento", segundo fonte oficial não identificada ao FT.

O Qatar é um aliado dos Estados Unidos, que têm ali instalada uma base militar, mas desde há muito que provoca críticas dos países vizinhos, que o acusam de usar a sua imensa riqueza para promover um estatuto diplomático que não lhe reconhecem.

Doha tem procurado mostrar-se neutral, com a capacidade de desempenhar o papel de intermediário nos conflitos regionais e de oferecer os seus préstimos a vários grupos rebeldes, desde a região do Darfur, no Sudão, aos talibãs, no Afeganistão, ou ao Hamas, na Faixa de Gaza.

No entanto, os seus críticos, nomeadamente a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, acusam Doha de usar essas intervenções para fazer jogo duplo e financiar os grupos radicais islâmicos, sendo os casos mais recentes os da Síria e da Líbia.

O diário britânico falou com diversas fontes, de ambos os lados, envolvidas no acordo de resgate, incluindo dois membros do Governo iraquiano na região, três membros da milícia chiita no Iraque e duas figuras da oposição síria.

Segundo membros do Governo regional iraquiano, cerca de 700 milhões de dólares foram pagos a figuras iranianas e às milícias chiitas no Iraque, apoiadas pelo Irão. As mesmas fontes acrescentaram que entre 200 e 300 milhões de dólares foram entregues a grupos islamitas radicais na Síria, principalmente ao grupo Tahrir al-Sham, com ligações à Al Qaeda.

O chefe da diplomacia saudita Adel al-Jubeir, que se deslocou hoje a Berlim, assegurou que vão ser efectuados todos os esforços para solucionar esta crise com o Qatar no âmbito do Conselho de cooperação do Golfo (CCG).

"Consideramos o Qatar como um Estado irmão, como um parceiro (...) mas também devemos poder dizer a um amigo ou a um irmão se alguma coisa está bem ou mal", garantiu, citado pela agência noticiosa France Presse (AFP).

No entanto, Al-Jubeir frisou que o ónus da resolução da crise no Golfo é da exclusiva responsabilidade do Qatar, que é acusado de fornecer apoio a correntes extremistas islamitas.

A Arábia Saudita e os seus aliados romperam as relações diplomáticas com o Qatar e na terça-feira, dia 6 de Junho, iniciaram um bloqueio ao pequeno emirado, deixando o país sem água e comida e mergulhando o Golfo numa grave crise diplomática.

Também em entrevista à AFP, o chefe da diplomacia dos Emirados Árabes Unidos (EAU), declarou que o seu país e Riade pretendem "uma alteração da política" e não "uma alteração de regime" no Qatar, colocando uma série de condições para um desanuviamento da situação na região.

Entre as exigências dos críticos de Doha inclui-se o fim da utilização de uma ferramenta mediática do Estado para promover um "programa extremista", disse ainda Gargash, numa menção à cadeia de televisão por satélite Al-Jazira, com sede no Qatar.