Aquele que foi um atentado terrorista sem precedentes, que configura um alargamento do território de "guerra" do estado islâmico (Daesh) para o gigante persa do Médio Oriente, serviu de mote ao Presidente norte-americano para espetar mais uma farpa no Irão, afirmando que os países que apoiam o terrorismo "arriscam-se a ser também suas vítimas".

Os ataques foram protagonizados por iranianos afectos ao Daesh e centraram-se em dois dos locais mais simbólicos para o Irão, o mausoléu do "ayatollah" Khomeini, fundador da República Islâmica, e o parlamento.

Na resposta a esta afirmação de Donald Trump, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, considerou "repugnante" a forma como os EUA reagiram ao ataque do Daesh em Teerão.

"O comunicado da Casa Branca e as sanções do Senado são repugnantes numa altura em que os iranianos estão a enfrentar o terrorismo apoiado pelos clientes dos americanos", disse o MNE iraniano através da rede social Twitter.

No entanto, a afirmação inamistosa de Trump para com o Irão surge em contramão com as mensagens emitidas pela Administração norte-americana anteriores, onde endereçava o seu pesar face às consequências trágicas do ataque do Daesh em Teerão.

Essa a razão pela qual o MNE iraniano terminou a sua reacção à pouco polida declaração de Trump no Twitter afirmando, com uma evidente carga irónica, que "o povo iraniano rejeita tais declarações de amizade por parte dos Estados Unidos".

A reacção de Trump destoa da generalidade das outras reacções internacionais que, tal como o Conselho de Segurança da ONU, que os considerou "bárbaros e cobartes", condenaram de forma enérgica este duplo atentado em Teerão.

Na imprensa iraniana os ataques foram explicados como tendo sido protagonizados por sete a oito homens que, munidos de cintos explosivos e armas automáticas, entraram nos dois locais e dispararam contra pessoas ou, no caso de um deles, fez-se explodir, tendo sido os restantes abatidos pelas forças de segurança iranianas.

Entretanto, as autoridades iranianas anunciaram que detiveram cinco suspeitos de cumplicidade com os atacantes.