E não se trata de um caso isolado. Só para dar mais dois de muitos exemplos, vimos acompanhando, há que séculos, o que vão dizendo, escrevendo e demonstrando quadros de qualidade invulgar, como são os casos do Dr. Luís Bernardino na Saúde ou do Engº Resende de Oliveira, no domínio particular da Construção e das Infra-estruturas.

Mais grave do que errar, é persistir nos erros. E quando estes erros não são, pelos vistos, fruto de nenhuma incompetência, mas conscientes, postos em prática por interesses que não os do País, mas de meia dúzia de pessoas que privilegiam sistematicamente os seus interesses individuais em detrimento de todos nos, algo tem de mudar, drasticamente.

Não é mais possível permitir que altos responsáveis do Estado, continuem a prejudicar-nos a todos, para seu benefício pessoal. Não é mais possível permitir que quadros sérios e que não se deixam corromper a todos os níveis, sejam perseguidos e ostracizados nos seus serviços, por não aceitarem submeter-se às vigarices e esquemas de directores nacionais, chefes de departamento, perante o silêncio dos titulares das pastas que, ainda que queiram pôr alguma ordem no circo, se vêem isolados, do topo à base.

Não é mais possível que a bandidagem, a corrupção, o assalto descarado às instituições estatais acabe, para além dos tremendos prejuízos que causam à República, por prejudicar gente patriota, séria e competente, que trabalha (ou que quer trabalhar...) para o bem da comunidade.

É preciso levar muito a sério a questão de uma limpeza absolutamente necessária, de alto a baixo, na esmagadora maioria dos lugares governamentais que implicam poder real de decisão.

Os limites há muito que foram ultrapassados e é hora de assumir um compromisso sério, perante as populações, de que as formas de govermação vão ser alteradas. É preciso assumir a responsabilidade de que se vai dar ouvidos aos que sabem, aos que conhecem os domínios das várias áreas de especialidade, antes de se tomarem decisões.

Há que pôr um ponto final nesta paridade cada vez mais pública e já sem um pingo de vergonha entre as feiras de negócios e as feiras de vaidades em que se transformou a alta roda dos endinheirados angolanos.

Acumularam o capital? Ora bem. É urgente que saibamos se estão à altura, como alguns (embora raros, já o façam), de começar a pensar em devolver ao País, com provas dadas, aquilo que é sua pertença agora.

A criação de riqueza, a aposta em inúmeras áreas de que o País precisa para, finalmente, se desenvolver, o investimento em projectos agrícolas e agro-industriais que ajudem a acabar com a política de recurso às importações. O que implica que se ponha um ponto final nas comissões recebidas ao longo dos anos por conta destas importações.

Não podemos continuar a ouvir cidadãos exemplares - pior um pouco, combatentes da primeira hora pela Independência de Angola - dizerem que nos tornámos um país inviável.

O poder, a manutenção do poder, a distribuição da riqueza por um círculo restrito de cidadãos, pertençam ao poder ou à oposição, não pode prosseguir desta forma cega e avassaladora. Está na hora, e já vamos tarde, de pôr um ponto final nesta forma única e original de governar um País e de criarmos condições e mecanismos que nos levam a tomar a direcção de uma governação séria, responsável, patriota e obrigada a prestar contas.

Quem tinha de ganhar - o que à partida já é muito discutível... - já ganhou, é preciso passar à fase de pensar nas duas dezenas e meia de milhões que somos. É preciso compreender que Angola não é Luanda, e colocar nas províncias gente que tenha tanto de séria como de competente.

A conversa de que não temos quadros é um outro assunto que dava pano para mangas. Temo-los, sim senhor. Cá dentro e lá fora. Podem é só estar disponíveis quando se convencerem de que há um projecto sério para o País. E não conversa para "boi dormir".