O ambiente animado das massas populares nos comícios torna-os em perigosas armas de manipulação política, levando os políticos a fazerem afirmações que os populares querem ouvir e a dizer frases que ficam no ouvido e até se tornam slogans. A experiência por todo o mundo demonstra que o combate à corrupção necessita de mão firme nas lideranças e, acima de tudo, de uma estratégia bem pensada e adaptada à realidade de cada país. Mais do que de frases de grande efeito, necessitamos de uma estratégia específica de combate à corrupção, de preferência atacando-se os "peixes-graúdos" e não as gasosas do dia-a-dia.

O maior problema da corrupção no nosso país é a certeza da impunidade e os maus exemplos que vêm de cima. Não é possível parar com a gasosa, com sal ou sem sal, se de cima para baixo (dos líderes políticos, dos ministros, governadores, juízes e outros) não forem dados exemplos de uma actuação exemplar.

De resto, na imensa literatura sobre o combate à corrupção, uma das lições que se ensinam é que o combate se faz pelo exemplo e de cima para baixo. Apesar de todos os problemas ligados aos direitos humanos que se levantam com a revolução anticorrupção de Singapura, as lições que nos chegam daquele país destacam o papel da liderança. Esse combate requer uma liderança forte, determinada, com pulso e muita autoridade.

(A opinião de Ismael Mateus pode ser lida na íntegra na edição semanal do Novo Jornal, nas bancas, ou em formato digital, cuja assinatura pode pagar no Multicaixa)