De acordo com o estudo, que antecipa "dificuldades para maioria da população angolana", "nem uma modificação dos esquemas políticos e partidários", de acesso desigual ao rendimento nacional, "iria provocar um impacto significativo" sobre o modo de vida médio da população.

O PIB, que é a riqueza total produzida num ano pelo país, no caso de Angola, e de acordo com a previsão do Governo, deverá remontar a cerca de 19,7 biliões de kwanzas em 2017. O documento diz mesmo que "240 dólares (39.862,67 kwanzas) de rendimento incremental para redistribuir é nada".

O relatório do CEIC questiona ainda a alteração do modelo de redistribuição do valor do crescimento económico "face a cenários prospetivos fracos sobre a dinâmica de crescimento da economia", reforçando que o que haverá para distribuir até 2021 "é irrisório".

"Só um safanão na estrutura económica do país - diversificação das importações, salários condignos e capazes de gerarem poupanças, abertura da economia, valorização do capital humano, incremento da competitividade, melhoria do ambiente de negócios - será capaz de provocar alterações significativas neste cenário de degradação sistémica do viver dos cidadãos", refere o documento do CEIC, uma das mais prestigiadas instituições científicas nacionais, liderada pelo economista Manuel Alves da Rocha.

O estudo realça que o crescimento do PIB é fundamental, mas neste caso será insuficiente, sublinhando que "o modelo de acumulação primitiva do capital, doutrina oficial do MPLA, deve cessar nos seus contornos actuais" e ser substituído por "outro socialmente mais inclusivo e economicamente gerador de externalidades".

Acrescenta que o crescimento do PIB a uma taxa inferior a 1,5% ao ano não é suficiente para se alterarem as actuais condições de reprodução do sistema económico.

"Tender-se-á por um modelo de reprodução simples", indica.

A grande possibilidade de se distribuir melhor os resultados do crescimento económico, segundo o mesmo relatório, ocorreu entre 2003 e 2008, mas "perdeu-se a favor da doutrina oficial de, através do "rent-seeking", se concentrar, em grupos económicos do regime do MPLA".