O senador democrata, membro do Comité dos Negócios Estrangeiros do Senado dos Estados Unidos, afirmou que há anos que o Governo liderado pelo Presidente José Eduardo dos Santos "tenta silenciar o jornalista, que tem sido um cruzado na luta contra a corrupção no País".

Na quarta-feira, Rafael Marques declarou que o MP o acusou de crimes de injúrias e ultraje a órgão de soberania, depois de uma queixa do Procurador-Geral da República (PGR), José Maria de Sousa, por causa de uma notícia publicada pelo jornalista, em Novembro de 2016, colocada no portal Maka Angola, com o título "Procurador-Geral da República envolvido em corrupção". A notícia denunciava o negócio alegadamente ilícito, concretizado pelo Procurador João Maria de Sousa, de um terreno de três hectares em Porto Amboim, província do Cuanza Sul, utilizado para construção de um condomínio residencial.

"Tive a honra de conhecer Rafael Marques de Morais no início deste mês, aqui em Washington, onde o Fundo Nacional para a Democracia o distinguiu com o Prémio Democracia 2017 pelos incansáveis e longos esforços para denunciar a corrupção em Angola", mencionou o senador democrata norte-americano na mesma declaração.

"Há anos que o Governo tem tentado silenciar o cruzado contra a corrupção, intimidando-o e chegando mesmo a detê-lo na prisão. É altura de as autoridades angolanas demonstrarem respeito, abertura e tolerância às críticas de cidadãos que estão a exercer o direito constitucional de liberdade de expressão", afirmou Cardin.

"Vou acompanhar de perto a evolução do caso, esperando que os direitos legais de Marques sejam escrupulosamente respeitados" pelas autoridades angolanas, concluiu o senador norte-americano.

A notícia de Rafael Marques deu origem a uma participação criminal contra o jornalista, após uma queixa do Procurador-Geral da República (PGR), José Maria de Sousa. A acusação do MP refere, no decurso das diligências realizadas, que foi apurado junto do departamento do Instituto Geográfico e Cadastral de Angola (IGCA) no Cuanza Sul, que José Maria de Sousa "efectivamente requereu e lhe foi deferido o título de concessão do direito de superfície" do terreno em causa a 25 de Maio de 2011.