Com estas duas derrotas, uma das perguntas que percorre as chancelarias do mundo é esta: estes são os últimos dias do Daesh? Se se tiver em conta o que diz o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi... sim.

A conquista de Mossul representou uma vitória definitiva sobre "a brutalidade e o terrorismo" do grupo jihadista, sublinhando ainda que se trata do colapso do estado islâmico, disse o governante iraquiano.

Mossul, que é a segunda maior cidade do Iraque, era, até aqui, uma espécie de símbolo do poderio militar e estratégico do Daesh, onde Abu Baqr al-Baghdadi tinha anunciado ao mundo a caminhada gloriosa para o seu triunfo.

Caminhada essa que terminou em Maio com uma bomba despejada sobre ele e mais duas dezenas de comandantes do Daesh, na cidade de Raqqa, na Síria, denominada capital do "califado" gerido por al-Baghdadi.

Se, como historicamente consta, os "estados" são vencidos quando tomba a sua capital, então, à pergunta colocada em cima, o Daesh só será transformado em poeira histórica quando cair Raqqa.

O que pode estar também por pouco tempo, porque, como afirmaram as autoridades iraquianas, e os líderes da coligação internacional, chefiada pelos EUA, que derrotou os jihadistas em Mossul, há oito meses, quando foi lançada a ofensiva sobre a segunda cidade do Iraque, a seguir chegará a vez da "capital" do "califado", Raqqa.

Recorde-se que Mossul foi conquistada ao Daesh com um elevado preço em vidas humanas, entre civis e militares, e ainda ao deslocamento forçado de quase um milhão de pessoas apanhadas no fogo cruzado da ofensiva sobre a cidade.

Quanto a Mossul, os EUA confirmam a iminente derrota total do Daesh, admitindo, todavia, a existência de bolsas de "terroristas", como o estado islâmico garante, e ameaça lançar uma contra-ofensiva. Mas Washington já é menos taxativo quanto à morte de Abu Baqr al-Baghdadi pelos russos.

Depois de em Maio último, o Kremlin ter garantido que tinha abatido al-Baghdadi, as dúvidas impuseram-se, e o Pentágono recusou-se sempre a confirmar que tal tenha sido verificado, mas as últimas notícias apontam para a veracidade das informações vindas da Rússia.

E isso deve-se ao comunicado do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que diz ter "informação confirmada" de que o líder do Daesh foi morto e a televisão iraquiana Al-Sumaria retoma, de forma independente, esta informação, citando, tal como o observatório sírio, fontes do Daesh.

Perante este cenário, onde o Daesh surge claramente fragilizado, o que pode estar a ser tido em conta é a eventual violência que pode emergir dos últimos sopros de vida deste grupo jihadista, com eventuais ataques suicidas tanto no Iraque e na Síria, contra as forças de segurança destes países e sobre civis, mas também em capitais europeias, onde os chamados lobos solitários podem optar por atacar em simultâneo.