O Novo Jornal Online contactou alguma bombas de gasolina nestas províncias constatando que nos últimos dias alguns postos estão secos e a procura tem sido intensa, tanto por viaturas como por pessoas que se dirigem aos postos de abastecimento com bidons, seja para fazer "stocks" caseiros, seja para abastecer geradores.

No Huambo e nos municípios desta província, onde, como notaram algumas pessoas contactadas pelo Novo Jornal Online, o problema da falta de combustível já se faz notar há mais de uma semana, multiplicando-se as filas nas bombas de gasolina.

"Nos municípios o problema é ainda mais grave porque há muitas pessoas que se estão a deslocar à cidade para tentarem resolver o problema e a única solução que encontram é comprar gasolina no mercado paralelo muito mais caro que nos postos de abastecimento", descreveu um dos habitantes contactados.

Há mesmo relatos de pessoas que não estão a conseguir deslocar-se para os seus locais de trabalho por não terem como abastecer as suas viaturas.

O preço do litro de gasolina vendido à beira da estrada ou em locais de revenda ilegais já chegou aos 600 kwanzas no Huambo e na Huíla aos mil kwanzas e, como apurou o Novo Jornal Online nos contactos feitos nestas província, a tendência é para subir se a escassez se mantiver.

Mas este problema não se circunscreve às províncias mais distantes da capital. Também em Luanda começa a ser visível a escassez de combustível pelo número de bombas de gasolina fechadas por terem os tanques vazios.

A Sonangol deverá, ainda hoje, emitir um comunicado para explicar publicamente o que se passa.

Entretanto, este cenário, profusamente retratado nas redes sociais nos últimos dias, surge paralelamente à divulgação de dados pela Sonangol que apontam para uma diminuição, este ano, de 15 por cento na venda de combustíveis em Angola em relação a igual período de 2016.

De acordo com a informação divulgada pela petrolífera estatal, esta diminuição na venda de combustíveis resulta da crise que o país atravessa, o que determina menos necessidade de consumo, e ainda aos recentes aumentos dos preços.

Na divulgação dos dados da Sonangol, citados pela imprensa, surge como explicação mais detalhada a ideia de que esta diminuição da venda não emerge de quaisquer problemas com a distribuição mas sim da "contração da procura, face à actual conjuntura económica nacional, sobretudo pelo aumento dos preços dos produtos refinados, como consequência da eliminação das subvenções".

Entretanto, sobressai ainda o facto de a Sonangol ter importado menos combustíveis refinados: menos 23 por cento de gasóleo e menos 17 por cento de gasolina, em comparação com o ano passado, o que deixa perceber que se a procura fosse semelhante, daí resultaria forçosamente um défice no abastecimento às bombas de gasolina.

E é também evidente que a diminuição de combustíveis refinados, dos quais Angola é altamente deficitária tendo em conta que a sua única refinaria, construída em 1955, tem apenas, nas actuais condições, capacidade para tratar diariamente cerca de 40 mil barris de petróleo - quando exporta pelo menos 1,65 milhões de barris por dia e quando o país consome entre 150 mil e os 200 mil -, sendo o restante importado com custos que superam os 150 milhões de dólares mensalmente.