Como o Novo Jornal Online constatou, numa volta pelos principais municípios de Luanda, algumas das situações mais graves ocorrem no Rangel, Cazenga, Maianga ou Valódia, no distrito do Sambizanga.

Nesta volta foi possível encontrar pessoas que estão há meses a aguardar pela emissão do seu Bilhete de Identidade, repetindo-se estas demoras desde meados de 2016 até agora, e a razão para isso, como admitiu ao Novo Jornal Online uma fonte administrativa que pediu o anonimato, é a falta generalizada dos plásticos onde são impressos os elementos de identificação dos cidadãos.

Um dos casos mais complicados ocorre na Maianga onde foi possível constatar uma confusão generalizada, com pessoas a empurrarem-se umas às outras para garantir a entrada no edifício e um lugar que garantisse o atendimento.

"É agora meio-dia e ainda não fui atendido. Estou aqui desde as 04:30 da manhã e quando cheguei já encontrei um número elevado de pessoas", descreveu Sandra Rafael, uma jovem que precisa com urgência do seu Bilhete de Identidade para aproveitar uma oportunidade de emprego que lhe está vedada sem o documento de identificação.

Celma João explicou ao Novo Jornal Online que está cansada de andar devido às dificuldades que esta a encontrar para fazer a segunda via do BI, juntando a este drama diário o drama de ter de pagar a tradicional "gasosa" para resolver o problema.

"Estou cansada. Para tratar um documento é muita luta. Já paguei no banco há mais de três semanas. Até agora não consigo efectuar a segunda via do meu bilhete, mas estive na identificação do Rangel e um dos funcionários pediu-me três mil Kwanzas para que eu fosse atendida", acusa.

Já Generoso Gonçalves, lamentou pela falta de organização e seriedade por parte dos serviços de identificação de Luanda e sublinha que, no seu entendimento, se o Governo não encontrar forma de disciplinar e organizar estes serviços, o problema vai-se manter, porque "não é possível que não haja sistema ou material mas, depois, com quatro ou cinco mil kwanzas na mão, essas coisas apareçam logo".

De acordo com uma fonte da identificação da Maianga que preferiu falar sob anonimato, "o problema das identificações é a nível nacional. Temos pouco material em stock. Por esse motivo as identificações em Luanda, estão a emitir poucos bilhetes de identidade".

A fonte acrescentou ainda que a resolução deste problema também depende da disponibilidade de material, de haver ou não forma de importar ou mandar fazer os plásticos com que se fazem os bilhetes de identificação ou outros, como as cartas de condução.

"Dependemos do Orçamento Geral do Estado, não podemos fazer nada porque as ordens vem das entidades superiores. O problema das enchentes é em todo lado, o mais complicado é que os cidadãos não entendem que o país está a atravessar um momento económico muito difícil", disse.

O Novo Jornal Online tentou contactar o director provincial de Identificação de Luanda mas sem sucesso.