Esta iniciativa tem o apoio institucional da ONU Mulheres, no âmbito da Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024).

Estão a ser exibidas as obras "Xinguilamento, a força dos ancestrais", que relata a tradição angolana do culto aos espíritos ancestrais; "No rosto e no rasto da alma dos Khoisans", sobre os costumes do povo nómada Khoisans; e "Valeu", uma co-produção da documentarista com Asdrúbal Rebelo, que apresenta a trajectória das crianças-soldado para a independência de Angola.

Os especialistas discutem as obras e as semelhanças entre as culturas angolanas e brasileira.

A mostra de documentários é uma parceria entre a documentarista, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEB) e o Instituto de Comunicação Comunitária Wilson Brother Miranda (INCID), com apoio do Sindicato dos Professores (SINPRO), Fundação Cultural Palmares (Ministério da Cultura), Procuradoria Especial da Mulher do Senado, Televisão Pública de Angola e Embaixada de Angola.

A jornalista e documentarista Marisol Kadiegi viveu alguns dos momentos cruciais da história de Angola.

No auge da guerra da independência, Marisol era uma pré-adolescente que conviveu com os horrores do conflito e, no meio a uma sangrenta batalha, acabou separada da sua família quando a aldeia em que vivia foi invadida por um dos exércitos em confronto.

Depois de passar por um campo de refugiados, Marisol acabou por ir para Portugal, de onde seguiu para o Brasil, país onde viveu até ser adulta.

Entretanto regressou a Angola e tentou reencontrar os pais, o que aconteceu devido a uma das mais terríveis heranças da guerra: as minas terrestres que foram "semeadas" em todo o país, tendo sido depois do acidente que os seus país foram ao seu encontro.

Anos depois, realizadora da Televisão Pública de Angola (TPA) debruçou-se sobre projectos onde conta histórias e aspectos de Angola, sendo que muitos desses momentos estão incluídos nos motivos do seu trabalho cinematográfico onde a própria diz que "nada é maquilhado" porque o que retrata "é apenas a realidade".