Em declarações ao Novo Jornal Online, Manuel Pimenta mostrou a sua insatisfação sublinhando que, para além dos três campeões continentais, há ainda sete atletas que se sagraram campeões nacionais e que também não receberam o que lhes estava garantido pelo Ministério da Juventude e Desportos, desde 2013.

O técnico apontou ainda como razão para o desconforto que existe nos atletas desta modalidade o facto de parecer que os responsáveis governamentais estão a relegar o ténis de mesa, que já deu três campeões africanos e várias medalhas de ouro a Angola, para segundo plano.

E justifica essa possibilidade com o facto de terem sido organizadas homenagens aos atletas que prestigiaram o país em modalidades como a vela, o xadrez, o jiu-jitsu ou as lutas MMA, tendo esquecido os que também honraram as cores nacionais no ténis de mesa.

"Como é que o Estado pode destacar atletas de uma modalidade e ignorar outra, sendo que ambas contribuíram para o prestígio do país com triunfos em competições internacionais", questiona Manuel Pimenta em declarações ao Novo Jornal Online, deixando perceber que essa é uma razão para "a desmotivação dos atletas".

Igualmente importante é a questão dos prémios monetários devidos aos vencedores das competições continentais.

"Até aqui ninguém recebeu nada e eu assumo isso porque treino todas as modalidade a nível nacional", disse o técnico, acrescentando: "Já vamos em três títulos africanos - 2013, 2014 e 2015 - e até hoje nenhum atleta recebeu os respectivos prémios prometidos pelo Ministério da Juventude e Desportos".

De acordo com o técnico Manuel Pimenta, os atletas não precisam de muito coisa mas acha "justo haver estímulos", e aconselha os dirigentes do desporto angolano a "não deixarem morrer o ténis de mesa" no país.

"Se queremos dar saltos qualitativos temos que motivar os atletas, se não o ténis morre", advertiu.

"No torneio da CPLP, ganhamos várias medalhas e nenhum atleta recebeu prémios e questionam-se sobre o porquê de assim estar a acontecer", disse.

Isabel Albino, de 19 anos, campeã africana da zona 5, em 2015, e três vezes medalha de ouro nos jogos africanos, disse ao Novo Jornal Online que nunca recebeu nenhum prémio do Ministério da Juventude e Desportos.

"O país não reconhece o nosso esforço e não entendo porquê?", questiona a atleta angolana.

"Por vezes vezes penso em desistir de praticar o ténis de mesa, já que não somos tidos nem achados", disse, acrescentando: "Sou muito jovem e ainda tenho muita vontade de continuar a praticar o ténis de mesa, mas não nos dão nenhuns estímulos para continuarmos na competição", lamentou.

O Novo Jornal Online tentou o contacto com o Ministério da Juventude e Desportos para devido esclarecimento mas não obteve resposta.