"Vou dizer uma coisa grave. Quando o Vata nos eliminou, marcando com a mão, fiquei convencido de que o árbitro o viu. Como o golo foi validado, não posso pensar noutra coisa que não em desonestidade, algo como um arranjinho por um punhado de notas, um presente, uma prostituta enviada ao seu quarto de hotel, ou qualquer das situações que estamos habituados a referir nestes casos", disse Tapie ao jornal L'Equipe, recordando a derrota do Marselha diante do Benfica, nas meias-finais da antiga Taça dos Campeões Europeus, disputada a 18 de Abril de 1990.

Segundo o ex-presidente do clube francês, a eliminação dessa final europeia - conquistada pelos italianos do Milan - representou uma viragem na sua liderança desportiva.

"Depois do jogo com Benfica eu disse "percebi" e toda a gente gritou que eu ia começar a pagar a árbitros. Na verdade, uns meses mais tarde contratei Franz Beckenbauer, que foi nosso treinador e director desportivo", revelou Bernard Tapie, reconhecendo que o Marselha beneficiou muito com esse reforço.

"Era incrível! Os árbitros pediam-lhe autógrafos na bola de jogo. Deu-nos o seu prestígio e, é verdade, os clubes grandes são favorecidos", admitiu o francês que chegou a estar suspenso por corrupção.

Ainda sobre o jogo disputado no Estádio da Luz, o protagonista do lance reafirma a mesma versão desde o primeiro momento: "Pode levar cem anos. Não vou mentir. Direi sempre a mesma coisa", reiterou Vata há dois anos, em declarações à portuguesa rádio Renascença.

"Estive com muitas televisões no Estádio da Luz. Sentámo-nos, colocaram um ecrã gigante para ver o lance e ninguém o conseguiu afirmar. Se eu metesse a mão, a bola ia amortecer, não iria com força", reforçou o antigo futebolista, insistindo na ideia de que jogou o esférico com o ombro.