Pela primeira vez em Angola na qualidade de responsável máximo do BM a nível regional, Ghanem vai verificar a evolução da implementação da carteira de projectos financiados por esta instituição de Bretton Woods, a quem Angola pediu, em Setembro de 2018, a abertura de uma representação em Luanda.

Durante a estada em Angola, Ghanem será recebido pelo Presidente angolano, João Lourenço, e manterá uma reunião com a equipa económica do Governo, liderada pelo ministro de Estado e do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, que abordará o Programa de Estabilização Macroeconómica e a reforma económica em curso.

O responsável do Banco Mundial terá encontros separados com vários ministros ligados ao desenvolvimento do capital humano e da economia digital, bem como um almoço de trabalho com mulheres líderes dos sectores públicos e da sociedade civil para abordar o empoderamento económico e social da mulher em Angola.

Ghanem vai ainda deslocar-se à província do Huambo, onde manterá contactos com membros do governo provincial para avaliar os desafios e oportunidades na província, através de reuniões com responsáveis pela execução e beneficiários de projectos financiados pelo Banco Mundial em áreas como agricultura, água e desenvolvimento local.

Com dupla nacionalidade, egípcia e francesa, Ghanem é vice-presidente do Banco Mundial para a Região de África desde 01 de Julho de 2018, sendo especialista em desenvolvimento há mais de três décadas, gerindo actualmente uma carteira regional activa de mais de 600 projectos orçados em 71.000 milhões de dólares.

Antes da sua nomeação como vice-presidente para a região africana, Ghanem desempenhou idênticas funções para a região do Médio Oriente e Norte de África de 2015 a 2018.

Em 24 de Setembro de 2018, o Governo angolano pediu à instituição Cooperação Financeira Internacional (ICF na sigla inglesa), do Grupo Banco Mundial (GBM), para abrir um escritório de representação em Luanda, assunto que ainda não está decidido.

A indicação fora avançada na altura pelo vice-presidente do ICF para África e Médio Oriente, o economista português Sérgio Pimenta, numa conferência de imprensa na capital angolana, em que indicou que o pedido de abertura de um escritório de representação em Angola coincidiu com a inédita nomeação de um responsável da instituição para toda a África Austral, o queniano Kevin Ndjirai, que irá gerir os dossiês da região a partir de Joanesburgo.

De qualquer forma, acrescentou, o Banco Mundial, com quem a ICF tem mantido uma colaboração regular em mais de 120 países, já tem uma representação em Angola, país que é um dos 184 accionistas do BM.

Na ocasião, o economista português indicou ter-se deslocado a Angola para avaliar como a ICF pode apoiar o desenvolvimento de Angola, através sobretudo do apoio ao sector privado, com o objectivo de diversificar a economia angolana, ainda muito dependente do petróleo.

No seguimento da estratégia ligada à agricultura, acrescentou, está também em estudo a possibilidade de o ICF apoiar o financiamento de logística e transportes, sector que envolve muitos outros subsectores, uma vez que a população tem de conseguir escoar a produção agrícola e industrial.

Segundo Sérgio Pimenta, em 2017, o ICF investiu 23.000 milhões de dólares em vários projectos em todo o mundo, com a África subsaariana a registar, no mesmo ano, e pela primeira vez, o maior volume, que atingiu os 6,2 mil milhões de dólares.

"Ainda é cedo para falar de números em relação a Angola. Estamos a começar. O nosso ano fiscal começa em Junho, pelo que ainda é cedo", insistiu, manifestando-se, porém, optimista em que Angola poderá obter bons financiamentos do ICF.