"A entrada é uma ajuda positiva para a CMC, a instituição criada em 2005 para supervisionar todos os aspectos das trocas de acções, dívida e títulos em Angola", escrevem os analistas da revista britânica The Economist, que salientam, no entanto, que a necessidade de mais transparência tem de ser complementada com a vontade política.

"O processo de colocar as empresas em bolsa, com troca de acções, levará a mais transparência dentro das empresas públicas, conhecidas pela sua opacidade, cuja verdadeira posse muitas vezes permanece escondida - mais um obstáculo para as boas práticas - e afasta os investidores estrangeiros", escrevem os analistas.

Numa nota sobre a entrada da CMC na IOSCO, o organismo que junta as bolsas de valores a nível mundial, e a que a Lusa teve acesso, os analistas da Economist sublinham que "lidar com a cultura de secretismo requer vontade política, bem como um aumento na capacidade humana para trazer a contabilidade para os padrões exigíveis".

A possibilidade de a bolsa de Luanda, que actualmente transacciona apenas dívida, poder avançar para uma bolsa de acções, tem sido sucessivamente anunciada "com pompa e circunstância, mas depois as datas passam discretamente", diz a EIU, lamentando que dificilmente o processo arranca este ano.

"Ter uma bolsa completamente funcional criaria fontes alternativas de financiamento para as empresas privadas em Angola, e ajudaria a desbloquear capital actualmente preso em activos fixos e permitiria também atrair investimento estrangeiro, para além de um efeito positivo sobre o kwanza", concluem os analistas.