"Encorajamos os nossos concecionários a criar linhas de montagem de viaturas, pois as linhas de montagem na Europa, hoje, não ficam confinadas a uma marca. E apenas a uma linha que presta serviço aos concessionários", disse José Severino, em declarações ao NJOnline.

José Severino, que incitou os empresários a que façam um esforço para que a economia tenha impacto nos próximos tempos, é de opinião que os concessionários angolanos já deviam estar a apostar em parcerias para criar linhas de montagem de viaturas no País.

"A indústria automóvel é um forte agregador de componentes, não é só pneus, vidros e pára-brisas. Nós vemos no Brasil e na Índia o que é que se faz à volta da montagem. Infelizmente, os nossos concessionários ainda não optaram por fazer um consórcio para termos linhas de montagem em Angola", referiu.

O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) defende que haja espírito de unidade dos consórcios nacionais e das marcas de referência presentes em Angola e que têm prestígio mundial.

Se assim for, argumenta o economista, o mercado angolano e os mercados vizinhos, como o da República Democrática do Congo (RDC) e da Zâmbia "são mercados muito grandes".

"O Congo e a Zâmbia possuem cerca de 100 milhões de habitantes, número que quadruplica a população angolana", explica o economista, assegurando que os dois vizinhos têm condições para pagar os bens que serão exportados de Angola.

"Os nossos consórcios têm de mudar de filosofia, porque na época colonial já se montavam, em Angola, viaturas Mercedes-Benz, Renault, Land Rover e Autocarros", afirmou.

Questionado se existe falta de vontade política, o economista respondeu que "o Executivo e os concessionários têm de reunir, para, em definitivo, haver linhas de montagem em Angola".

"Poupa-se no custo de transportes que hoje pesa muito aos cambiais e pesa no próprio negócio dos concessionários, porque estão a vender menos e as viaturas estão muito caras".

José Severino salientou também que do norte de África chegam muitas viaturas a Angola e que esses veículos são de boa qualidade, atendendo ao mercado nacional de automóveis.

"São bons carros e de marcas de referência. Se países na nossa região têm linhas de montagem e nunca tiveram problemas porque é que nós não podemos ter também?", questionou.

Para o presidente da AIA, o facto de ser montado em África não desqualifica a marca das viaturas.

José Severino lembrou que, quando Angola entrar para a Zona de Livre Comércio da SADC, os concessionários nacionais não vão mais vender carros vindo da Europa.

No País são montados os veículos Zenza, cujas peças e tecnologia são chinesas.

A companhia oferece os modelos Zenza X80 M2 1.8T e SUV, X60 M2 2.0 D-I (dois SUV) e E70 M2 2.0L (turismo), mas prevê introduzir "pick up"s" (carrinhas) e mini-autocarros para empresas e particulares.

Recentemente, o concessionário encerrou as lojas nas províncias de Malanje, Lunda-Sul, Moxico, Huambo, Huíla e Cabinda, ficando apenas com a representação de Luanda, onde possui seis lojas.

Recentemente cerca de 58 milhões de dólares foram investidos para instalação no País, de uma unidade industrial para fabrico e montagem de automóveis de marca "Pegado", cujo financiamento foi disponibilizado pelo Banco Africano de Exportações e Importações.

Numa primeira fase, as viaturas serão montadas no exterior do País, para posteriormente começarem a ser montadas e fabricadas em Angola.

Este mês, começam a chegar as primeiras 876 viaturas da marca Pegado, resultado da aprovação de um plano de 16 milhões de dólares que será amortizado junto dos fornecedores, paulatinamente, como garantiu na altura o CEO do Grupo BMP, Bruno Miguel Pegado.

Em declarações aos jornalistas, à margem da cerimónia de pré-lançamento da Marca Pegado em Angola, em Fevereiro último, Bruno Miguel Pegado, informou que a construção da fábrica depende de alguns pressupostos, pois tem a linha de financiamento aprovada, mas ainda não está disponível.