Vera Daves, em conversa com Abebe Selassie, explicou ao director do FMI-África que o Governo de João Lourenço tem igualmente como objectivo principal a consolidação da sustentabilidade da dívida e honrar a confiança recebida do Conselho de Administração do FMI através do desembolso de fundos na última tranche do programa de financiamento alargado, bem como o seu aumento em mais de 750 milhões USD.

Esta conversa com Selassie, em directo nas redes sociais, através de videoconferência, à qual se podia aceder em directo, envolveu vários governantes africanos e teve lugar na terça-feira, no âmbito dos encontros anuais do FMI, onde os governantes têm oportunidade de explicar as prioridades das suas políticas económicas em contexto de crise pandémica e para a qual o Fundo tem tido como prioridade gerar condições locais de resposta através, por exemplo, do apoio a iniciativas multilaterais, como a do G20, de alívio dos compromissos com a dívida, perenes ou circunstanciais.

Vera Daves garantiu que o Governo vai manter-se "conservador e prudente" de forma a garantir que mantém o foco na sustentabilidade da dívida, mas deixou claro igualmente que é também objectivo não abdicar de persistir na melhoria da qualidade de vida dos angolanos apesar das incertezas e da severidade da crise económica.

Crise esta que tem, no essencial, a sua génese no surgimento da pandemia da Covid-19 e na acentuada queda do valor do petróleo nos mercados.

"É fundamental ter tempo e disponibilidade para garantir respostas e tratar de todos aqueles que não o podem fazer sozinhos", disse a ministra, referindo-se aos mais pobres enquanto parte mais frágil do tecido social nacional, no âmbito do objectivo maior que é garantir uma melhor qualidade de vida no País.

Nesse sentido, Vera Daves deixou claro que o caminho passa por eliminar os obstáculos ao desenvolvimento através de uma escolha criteriosa da despesa.

A governante sublinhou ainda que o Executivo está a trabalhar de perto com o FMI no cenário macroeconómico mas adiantou que no caminho estão muitas incertezas, entre as quais a questão da pandemia, se será possível ter uma vacina em breve ou não, se haverá uma segunda vaga das contaminações, sendo que isso são "grandes desafios para as premissas macroeconómicas".

A ministra das Finanças disse que quer garantir a consolidação orçamental e o orçamento financiado devidamente, sendo que isso "não é um desígnio fácil de alcançar" devido aos imensos desafios sociais que o País enfrenta, sublinhando, todavia, que existe disponibilidade para trabalhar arduamente nesse sentido.