Esta informação foi divulgada durante a assinatura do documento por Mattew Nkhuwa e o seu homólogo angolano, o ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino Azevedo, no âmbito de uma deslocação oficial à Zâmbia.

Citado pela ZNBC, canal estatal zambiano de televisão e rádio, Mattew Nkhuwa explicou que este pipeline, assim que estiver em actividade, vai permitir facilitar o fornecimento e importação de petróleo e embaratecer o custo dos combustíveis no país, que hoje gasta mais de mil milhões de dólares por ano no transporte de crude por camião.

Este acordo partiu do princípio simples de que a Zâmbia, sendo um grande produtor mundial de cobre, é um país consumidor que importa a totalidadee do petróleo que consome, e Angola é um grande produtor de crude, sendo a situação de vizinhança geográfica facilitadora do projecto.

Denominado Angola-Zâmbia Pipeline de Multiprodutos de Petróleo Refinado (AZOP), este projecto já está a ser discutido e pensado desde pelo menos 2012 mas só agora atingiu o patamar de irreversível com a assinatura deste documento.

Segundo o ministro zambiano dos Petróleos, esta infra-estrutura de grande envergadura e custos, vai permitir o desenvolvimento do comércio petrolífero no país, da sua capacidade de refinação e vai impulsionar a capacidade zambiana de construir grandes projectos.

Do lado angolano, o ministro Diamantino Pedro Azevedo declarou a sua satisfação com este desenvolvimento na construção do pipeline porque vai ser "mutuamente benéfico" ao mesmo tempo que impulsiona o comércio bilateral.

E lembrou que Angola produz diariamente mais de 1,5 milhões de barris de crude e está a criar condições para aumentar a produção nacional de petróleo bruto.

Passo decisivo em 2016

Apesar de terem começado as negociações em 2012, foi em 2016 que os dois países reiniciaram as conversas em torno deste projecto, que tem como base primordial o transporte de petróleo e produtos petrolíferos - é uma estrutura multifacetada - de Angola para a Zâmbia, que importa todo o petróleo que consome.

A ideia original partiu, em 2012, do pressuposto de que a refinaria que estava a ser construída no Lobito, com capacidade de refinação de 200 mil barris por dia, estaria pronta a tempo e isso permitiria abastecer a Zâmbia com todos os tipos de subprodutos do petróleo extraído em Angola.

Na altura, a expectativa era de que a refinaria estaria concluída em Janeiro de 2014 mas acabou por congelar no tempo devido à crise económica.

A Zâmbia não deixou de manifestar o seu interesse neste projecto no decorrer dos anos, mas a crise económica que a baixa do valor do crude nos mercados provocou em Angola arrefeceu os ímpetos iniciais do lado angolano da fronteira.

Agora, a mudança de Governo em Angola, com a chegada ao poder de João Lourenço, e com o paulatino esfumar da crise económica, levou Angola a encarar este projecto novamente como importante para as suas pretensões, seja no criar de mais valias no sector dos petróleos até aqui inexistentes, como na diversificação da sua economia.

Apesar da assinatura do documento, o Governo angolano não divulgou qualquer informação sobre este gigantesco projecto que agora retoma o seu curso.