Numa entrevista ao Jornal de Angola, publicada no dia em que está prevista uma conferência de imprensa da parte russa, país que construiu o Angosat-1 e o lançou para o espaço em Dezembro do ano passado, e angolana, o ministro Carvalho da Rocha insiste como importante o facto de o satélite disfuncional permanece em órbita e sob vigilância dos técnicos russos, mas, ao mesmo tempo, admite que pouco ou nada há a fazer, porque já foi iniciado o processo de construção do segundo satélite angolano, o Angosat-2.

Alias, o ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação deixa claro que o Angosat-1, tal como o Novo Jornal Online tem vindo a noticiar, está praticamente perdido porque, apesar de relutante na confirmação, explicou nesta entrevista que a Rússia vai colocar um dos seus satélites à disposição de Angola para suportar os serviços previstos enquanto o Angosat-2 não é terminado e é colocado em órbita pela empresa russa a RSC Energia, que lidera o consórcio construtor do aparelho.

Tudo, porque a construção de um segundo satélite está prevista no acordo inicial, como os responsáveis russos têm dito, citados pela imprensa russa, que, ao contrário das autoridades angolanas, optaram pela recusa em assumir de forma cabal as dificuldades que se fizeram sentir logo após o seu lançamento, a 26 de Dezembro do ano passado.

Segundo o acordo, o Angosat-1 está coberto por um seguro de 121 milhões de dólares - valor assumido em partes iguais pelas empresas SOGAZ e VTB - montante suficiente para garantir a sua construção sem nenhum rombo nas contas da RSC Energia, empresa que lidera o consórcio russo responsável pela construção do engenho, sob responsabilidade da Roscosmos, o conglomerado estatal da indústria espacial russa.

Embora os 121 milhões de dólares sejam quase metade dos 320 milhões investidos por Angola no AngoSat-1, a verba deverá ser suficiente para garantir o AngoSat-2, tendo em conta que as despesas com as infra-estruturas já foram realizadas.

O segundo satélite angolano, que o ministro garante ser parte d e uma séria que vai ter mais satélite, condição normal de um país que entrou na era espacial, vai demorar 30 meses a ser finalizado, muito menos que o primeiro, cujo processo começou há 5 anos, em 2012.

Mas, até lá, até que o segundo satélite esteja a ser construído, a Rússia é obrigada a dar a Angola 216 Megahertzs na Banda C e 216 Megahertzs na Banda Ku para poder suportar todos os serviços que fazem parte do caderno de encargos do Angosat-1.

Apesar de Carvalho da Rocha ter confirmado o falhanço do Angosat-1, com a garantia dos serviços e a construção do segundo aparelho, ficou ainda claro que Angola iria avançar para a construção de mais satélites porque o país entrou na era espacial e dela não irá sair.

E foi assim que explicou a chegada de Angola à era espacial, na entrevista ao JA: "Independentemente disso, o país entra numa nova era, onde terá que incluir a construção do Angosat-1, Angosat-2, Angosat-3, Angosat-4 e por aí fora. Entra numa nova era de onde já não sairá, que é a era espacial. E aqui o país obriga-se, de tempos a tempos, a construir um satélite. Temos de desenvolver um programa. E este é o objectivo maior.

Mas, para já, Angola, como o próprio ministro referiu, e até que o Angosat-2 esteja em órbita e funcional, vai ter de se contentar com uma espécie de "mini-satélite", que é coo definiu os serviços que a indústria espacial russa vai fornecer enquanto o problema não se resolve.

Alias, o Angosat-2 será "mais sofisticado" que o seu irmão mais velho, o Angosat-1, e com mais capacidade porque, sublinhou, "hoje precisamos de mais serviços, de mais internet, mais dados" e, por isso, o novo satélite, terá melhor desemprenho, por exemplo, no serviço de internet, com mais capacidade de transporte de dados.