Numa altura em que os bancos comerciais estão a ser analisados à lupa pelo Banco Central, de forma a detalhar as suas necessidades de capital para futuras recapitalizações, o seu governador, José de Lima Massano, veio à público, em conferência de imprensa, anunciar que, até ao fim do ano vai divulgar os resultados da avaliação e detalhar a qualidade dos activos do sector e deixar claro aqueles que vão ter de ajustar o seu capital social.

Após essa divulgação, onde é ideia generalizada que uma boa parte dos bancos a operar em Angola vai apresentar problemas profundos e onde algumas fusões podem ser a única saída possível, o mês de Junho de 2020 é o prazo limite para aquela que os analistas já admitem como uma das mais substantivas revoluções" na banca angolana.

"Os bancos vão poder, até Junho de 2020, sanar deficiências a nível dos capitais próprios", apontou Massano, sublinhando de imediato que, caso sejam encontrados obstáculos rígidos, estes deverão optar por soluções alternativas, onde surgem à cabeça as quase incontornáveis fusões entre bancos mais pequenos, ou a junção dos com menor capacidade aos gigantes da praça.

Tudo isso ficará claro até final de Abril do próximo ano, data limite para a informação de cada um dos bancos chegar ao BNA.

As soluções podem surgir através da exigência de "um programa de reestruturação", a sua redimensionamento para ganhar agilidade, emagrecendo ou avança para "um quadro de fusões e entrada de novos accionistas".

A perda de licença para operar é uma possibilidade que José de Lima Massano não descarta: "No extremo, alguns bancos podem perder a licença".

"Não podemos ter instituições com nível de capital desadequado ao risco e perfil que assumem", disse anda Lima Massano, citado pela Angop e pela Lusa na conferência de imprensa que teve lugar na sexta-feira após mais uma reunião do Comité de Política Monetária (CPM).

Por detrás desta emergência está, sublinhou o governador do BNA nesta conferência de imprensa, a constatação de que é a economia "como um todo" que deixa de ter condições para continuar a financiar o seu crescimento" se nada for feito.

Nesta elucidativa conferência de imprensa, Massano debruçou-se ainda sobre a questão das taxas elevadas do crédito malparado admitindo que neste momento é de 29%, embora 90 por cento desse volume esteja concentrado em apenas um banco, que, embora não tenha sido nomeado, só pode ser o BPC, sublinhando que essa realidade influência de forma evidente as estatísticas.