O vice-governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Manuel Tiago Dias, defendeu em Benguela que a actual situação da economia angolana é "desafiante" devido à crise que o país vive desde 2014, mas sublinhou também que esta entra agora numa fase de estabilização, fundamental para o sucesso da aplicação de medidas que visam a diversificação das fontes de receitas para o Estado.

Ao discursar em Benguela, onde decorre um encontro internacional sobre estatística dos bancos centrais da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), o vice-governador do BNA insistiu na queda do preço do petróleo como o factor que despoletou a crise, mas defendeu que as medidas entretanto aplicadas, enfatizando as enquadradas pelo Plano de Estabilização Macroeconómica (PEM) e pelo Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) para o período 2017/2022, estão a resultar, para já, na estabilização da economia, abrindo portas para melhores resultados no futuro breve.

Tiago Dias, citado pela Angop, apontou como alicerces para o aumento da competitividade da economia nacional e da produção interna fora do sector dos petróleos, que deverá levar à diversificação das exportações e substituição das importações, a consolidação fiscal, a criação de condições para um melhor ambiente de negócios e atracção de investimento estrangeiro e, sobretudo, a política de flexibilização da taxa de câmbio (ajustamentos do mercado Cambial).

Todavia, o vice-governador do banco central angolano não deixou de sublinhar que, em consequência da quebra abrupta do valor do barril de petróleo nos mercados internacionais, em meados de 2014, e da ausência de alternativas para a arrecadação de receitas por parte do Estado, face à clara dependência das exportações de crude, ainda responsáveis por mais de 90 por cento das exportações angolanas, o país atravessa uma situação difícil.

E deixou no ar, a par da confiança de que a estabilização está a ser conseguida, a ideia de que os objectivos traçados para recuperar a economia nacional dependem do cumprimento rigoroso das metas e exigências incluídas tanto no PEM como no PDN, até 2022.

O que, como tem sido admitido pela generalidade dos economistas e também pelo próprio Executivo do Presidente João Lourenço, não poderá ser realizado sem algumas medidas exigentes do ponto de vista social, nomeadamente no que diz respeito ao encurtar dos subsídios aos combustíveis e outros bens essências, que terão repercussões futuras na capacidade das famílias para a aquisição do necessário para subsistir.

E, algumas dessas medidas duras que se esperam, terão como moldura a intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI), com quem o Governo angolano já iniciou negociações para um empréstimo de 4,5 mil milhões de dólares norte-americanos.