No leilão desta segunda-feira, o banco central vendeu apenas cerca de 100 dos 400 milhões que colocou à disposição dos bancos comerciais participantes, enquanto no leilão de sexta-feira as vendas pouco ultrapassaram os 135 milhões.

Em ambos os leilões foram a jogo apenas 10 bancos comerciais. A moeda angolana é hoje transaccionada a 354,79 kwanzas por euro e a 310,94 kwanzas por dólar, segundo dados do Banco Nacional de Angola.

Já em Outubro ocorreu um fenómeno idêntico, com os bancos comerciais a comprar apenas uma parte do montante disponibilizado pelo BNA, o que levou o NJOnline a questionar o economista Lopes Paulo, que apontou como motivo a falta de liquidez em moeda nacional.

"As empresas hoje têm menos liquidez, logo, há menos depósitos em kwanzas nos bancos comerciais, o que leva a que, quando os bancos comerciais vão aos leilões, o façam ser ter liquidez suficiente para adquirir as divisas disponibilizadas pelo banco central".

Segundo o consultor de assuntos económicos, a tendência é que o cenário piore a cada dia, "pois com a contínua desvalorização do Kwanza, as empresas vão perdendo liquidez".

"E o próprio Ministério das Finanças ajuda a que a situação seja essa, pois tem atrasado muito os pagamentos às empresas, dificultando-lhes a vida", esclarece Lopes Paulo.

E os particulares que se queixam de não conseguir transferir dinheiro para o exterior?

No entanto, os pagamentos de estudos ou de despesas de ajuda familiar, entre outros, continuam a ser uma dor de cabeça para as famílias angolanas.

O economista considera que a razão principal para que as famílias continuem a não conseguir realizar operações de transferência de moeda estrangeira para o exterior se prende com o excesso de zelo, pois "o BNA obriga a que todos os bancos conheçam os seus clientes, saibam a origem e o destino do dinheiro, devido ao combate do branqueamento de capitais".

"Pode também haver alguma má interpretação dos bancos em relação às regras impostas pelo banco central", explica.

O que, segundo o economista, não impede que possa haver ainda alguns comportamentos "erráticos" por parte de alguns funcionários bancários, "que vão criando dificuldades a quem quer transferir moeda estrangeira, pois os bancos continuam a devolver operações", declara.