Na manhã de quinta-feira, oficiais de justiça do tribunal de Lembá - distrito onde se localiza a fábrica (localidade de Neves, norte da ilha de São Tomé) -, fizeram a transferência da pasta, que foi recebida pelo administrador-geral nomeado por Mello Xavier, Manuel Martins Quaresma, constatou a Lusa no local.

A fábrica estava a trabalhar normalmente.

O empresário angolano não se encontrava nas instalações da empresa, mas membros da sua equipa indicaram que deverá chegar a São Tomé e Príncipe ainda esta semana.

A Rosema é a única cervejeira de São Tomé e Príncipe. Construída pelos alemães da ex-RDA, a fábrica viria a ser vendida em concurso público pelo governo são-tomense na década de 1980 e adquirida pela empresa angolana Ridux, do empresário Mello Xavier e da mulher, de nacionalidade portuguesa.

Em 2009, o contencioso entre a empresa JAR e a Ridux levou o Tribunal Marítimo de Luanda a solicitar ao Supremo Tribunal de São Tomé a penhora das acções da Rosema. Meses depois, o Tribunal Marítimo de Luanda viria a devolver a Mello Xavier o direito de propriedade da cervejeira, anulando a penhora.

No entanto, nessa ocasião, num processo considerado "pouco transparente" pelo empresário, a fábrica já estava na posse do são-tomense Domingos Monteiro ("Nino" Monteiro).

O empresário disse à lusa que foi "reposta a justiça" com a devolução da fábrica de cerveja Rosema, decidida pela justiça são-tomense, e admitiu partir para novos investimentos em São Tomé e Príncipe.

Mello Xavier, que reagia à decisão do tribunal de Lembá (distrito no norte da ilha de São Tomé, onde se localiza a cervejeira) disse que deverá chegar ao arquipélago antes do próximo domingo, "precisamente para ver se estão a cumprir rigorosamente com a decisão".

"As decisões sempre foram feitas, mas o anterior primeiro-ministro [Patrice Trovoada] é que nunca quis cumprir. E, por fim, mais uma vez o recurso que eles fizeram ao tribunal de Lembá, contra a decisão do Supremo, que já me tinha dado razão, foi devolvido, porque o Supremo já tinha decidido e tentaram inventar histórias de exonerar os juízes do Tribunal Supremo, que já foram repostos", contou.

De acordo com o empresário angolano, os juízes foram repostos novamente [pelo actual executivo de Bom Jesus], porque as decisões já estavam tomadas.

"Não se pode fazer de São Tomé uma lavra de mandioca. São Tomé e Príncipe é um país, por mais pequeno que seja, é um país e há órgãos eleitos cujas decisões devem ser respeitadas rigorosamente", disse.