O comboio, segundo confirmou o Novo Jornal Online, chega segunda-feira, 19, ao município fronteiriço do Luau, província do Moxico, leste de Angola, com 50 contentores de manganês.

"Isso vai proporcionar o desenvolvimento dos dois países e da SADC em particular", disse ao Novo Jornal Online o comerciante Massamba Bery, em Angola há mais de 20 anos.

De acordo com referido comerciante ligado a área mineira,"o Caminho de Ferro de Benguela (CFB) joga, um papel preeminente no transporte de produtos oriundos das minas de Catanga, na RDC, para serem escoados por via do Porto do Lobito".

"Anteriormente as populações deslocavam-se apenas por via rodoviária e aérea a custos elevados e com limitação de mercadorias, mas com a entrada em funcionamento dos serviços ferroviários, os custos estão reduzidos e a capacidade de transportação de bens é maior. E isso terá também influência no meu país", disse.

Um outro congolês democrata, Kiaminga Kobi, reconheceu que durante a fase em que o Caminho de Ferro de Benguela esteve inoperante, a pobreza assolou as populações do centro e leste de Angola, bem como as regiões da RDC fronteiriças com Angola.

"Quer do lado da RDC, quer em Angola, o caminho-de-ferro de Benguela trouxe um impacto positivo para relançar a economia e devolver a dignidade as pessoas", frisou o comerciante que tem empreendimentos na Lunda Sul.

O comerciante, também da RDC, Fugany Mubeto, admitiu ao Novo Jornal Online que o Caminho de Ferro de Benguela permite promover exportações e importações de produtos do Congo Democrático e da Zâmbia com baixos custos.

"Quem ficará a ganhar com essas facilidades todas são os cidadãos empresários e não empresários destes países vizinhos", reconheceu.

Segundo informações disponíveis, para a recepção do minério, a direcção do Caminho de Ferro de Benguela já enviou comboios carregados de contentores para acondicionar e transportar o manganês até ao porto do Lobito no dia 20 para posterior comercialização.

Este carregamento concretiza-se depois da conformação do ramal do CFB até a ponte ferroviária transfronteiriça sobre o rio Luau.

O CFB (Angola) e a Sociedade Nacional dos Caminhos-de-Ferro do Congo (SNCC) tiveram de trabalhar para adequar os ramais ferroviários por estarem desajustados.

O Caminho de Ferro de Benguela tem uma extensão de 1344 km e dá acesso à parte mais interior do país. Para lá de Luau, encontra-se ligado aos sistemas ferroviários da República Democrática do Congo e da Zâmbia. Através da ligação à Zâmbia, é possível chegar à cidade de Beira, em Moçambique, e a Dar es Salaam, na Tanzânia, junto ao oceano Índico. Também se encontra ligada indirectamente ao sistema ferroviário da África do Sul. Desta forma, o CFB faz parte de uma rede ferroviária transcontinental.