"A 'década fácil' de África está a chegar ao fim, o crescimento não era sustentável, por isso agora o continente tem de se focar no seu mais importante recurso, a juventude, porque nenhum outro continente tem este fluxo enorme de mão-de-obra jovem, daí que os empregos produtivos tenham de ser a prioridade", disse Paul Collier, no discurso de abertura da Conferência Económica Africana (AEC), que decorreu recentemente em Kigali, no Ruanda.

"Os jovens não podem criar empregos prioritários por si próprios, estes empregos têm de ser criados, por isso a principal tarefa dos decisores políticos em África durante a próxima década é criar empregos produtivos para os jovens a um ritmo inédito", acrescentou o professor de Economia e Políticas Públicas na Universidade de Oxford.

Organizada pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), a AEC reúne vários especialistas em políticas públicas, economistas, decisores políticos e instituições para debater o desenvolvimento económico africano e vincar a necessidade de aumentar as trocas entre estes países.

A conectividade entre os países africanos é essencial, defendeu o economista, salientando que "os países pequenos estão condenados à pobreza se não tiverem fronteiras abertas e sociedades livres, mas o país africano típico é pequeno e tem as fronteiras fechadas, o que é uma combinação desastrosa, daí que a Zona de Livre Comércio Africana [African Continental Free Trade Area -ACFTA, no original em inglês] seja um importante passo em frente".

O BAD investiu mais de 20 milhões de dólares nos últimos cinco anos para apoiar as capacidades institucionais e humanas do secretariado do ZLEC, que deverá aumentar o comércio intra-africano em 35 mil milhões de dólares, através de uma subida de 22% no comércio até 2022, e uma redução de 10 mil milhões de dólares nas importações vindas de países fora de África.