Numa ronda que o Novo Jornal Online fez por alguns estabelecimentos comerciais, mercados ou armazéns localizados nas zonas do São Paulo, Asa Branca e Congolenses, percebe-se que está tudo bastante mais caro, mas também é evidente que os aumentos médios são muito superiores à desvalorização registada no Kwanza face ao dólar e ao euro.

O saco de arroz de 25 kg está agora a custar 5.600 kwanzas contra os 4.300 praticados há um mês, o saco de 50 kg de açúcar, que antes era a 8.200 kz, está agora a ser comercializado a 9.200, a farinha de milho de 25 kg saiu dos 3.300 para os 3.800, a caixa de óleo vegetal 12 x 1, que custava 4.000, está agora a 5.000, o leite fresco 6 x 1 aumentou 200 kz, ou seja, de 2000 para 2200 kwanzas.

Os frescos também tiveram subidas, com a caixa do peixe choupa de 10 kg a passar dos 6.490, para os 7.500 kz, a caixa de peixe corvina de 20 kg de 15.000 para 19.800 kz, a caixa de entrecosto de 10 kg de 9.600 para 10.400 kz, a caixa de coxa de franco de 10 kg de 3.700 para 5.500 kwanzas.

Mas também fora da cesta básica esta vertigem da especulação é um facto. Dois exemplos disso mesmo: um simples vinagre que custava 700 kwanzas antes da "depreciação", passou para 1 390, e um computador, subiu cerca de 60 mil kwanzas de um dia para o outro.

Entretanto, os populares queixam-se das constantes subidas dos preços dos produtos neste início do ano.

"Os preços alteraram do dia para noite", diz Márcia Adriano, de 28 anos, que fazia compras na zona das pedrinhas, nos congoleses, "Hoje, vim ao armazém, e a caixa de coxa que, até o dia 05, custava 3.800 está quase a 6.000 kwanzas. Não percebo", lamentou.

"Há três dias comprei a caixa de costeleta, de 20 kg, a 24.000 kwanzas e hoje encontrei o mesmo produto a 26.000 kz", afirma Marlene Damião, que confecciona alimentos num dos mercados da capital.

O Novo Jornal Online escrevia, a 3 de Janeiro, que um dos efeitos imediatos à desvalorização do Kwanza era o aumento dos preços, uma consequência garantida do enfraquecimento da moeda, abrangendo todos os bens, com destaque para os bens essenciais, porque, naturalmente, passa a ser necessário uma maior quantidade de moeda para adquirir o mesmo produto, podendo este aspecto ser minimizado se, por exemplo, acontecer um aumento proporcional dos salários.

Os efeitos sociais tendem a ser mais impactantes nas classes médias, porque estas são caracterizadas por uma dependência exclusiva dos seus salários, sendo os mais pobres menos impactados porque, como é comum dizer, quando se está no chão, é difícil descer mais, e os ricos aguentam bem aumentos de preços, embora não seja de ignorar que as suas deslocações para o exterior, em férias ou por outras razões, sofrem um relevante acréscimo nos custos.