"A questão da dívida é agora muito pior, porque havendo um colapso na China ou um novo choque petrolífero, a balança de pagamentos está menos robusta a uma crise e há mais pressão na moeda, porque emitiram 'eurobonds' [obrigações emitidas em moeda estrangeira e comercializadas nos mercados internacionais] e endividaram-se muito, havendo pouca transparência sobre o verdadeiro valor dos empréstimos", avisa David Earnshaw.

Segundo o especialista, que analisou a economia angolana em entrevista à agência Lusa, "se houver outra crise nos próximos cinco anos - apesar de não ser previsível -, a crise em Angola será muito pior", antecipando-se e uma "recessão muito grande e eventualmente um 'default'".

Para o analista da consultora BMI Research, os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística de Angola (INE), nomeadamente sobre a descida de preços, devem ser vistos com algum cepticismo,

"O INE não é confiável o suficiente para levar em conta esses dados, e portanto nós fazemos as nossas estimativas", disse Earnshaw, adiantando que se organizações como a ONU apresentassem um valor semelhante ao INE, "era uma história diferente".

A BMI Research prevê um crescimento médio do PIB de 2,7% até 2020, estimando que a dívida pública, que no ano passado representou 64,1% do PIB, desça este ano para 54,6% e em 2018 para 47,1%.