A iniciativa de desencadear uma guerra comercial com a China foi dos Estados Unidos da América, porque, como o Presidente Donald Trump argumentava, a aplicação de tarifas aduaneiras mais pesadas sobre alguns produtos importados da China, como o aço e o alumínio, era vital para a economia norte-americana.

Do outro lado, a China estava pronta a responder com uma redução de importações de vários produtos norte-americanos mas, com este acordo, compromete-se a aumentar num volume significativo essas mesmas importações.

E, com isto, Angola acaba por ganhar porque um dos impactos imediatos do desencadear de uma guerra comercial entre as duas maiores potências económicas do mundo seria no arrefecimento do valor do petróleo que tem vindo a subir acentuadamente nos últimos meses, chegando a valores que não eram vistos desde 2014, atingindo mesmo os 80 USD por barril na semana passada.

Isto, porque os EUA são o principal mercado das exportações chinesas e com uma diminuição severa destas, a necessidade de consumo de petróleo iria baixar na China, o que poderia interromper a escalada do preço do barril, que está a ser impulsionada pela estratégia de cortes na produção da OPEP e pela Rússia desde Janeiro de 2017, mas também pelo agravar da crise com o Irão depois de Donald Trump ter rasgado o acordo nuclear e avançado com novas sanções sobre Teerão, nomeadamente quanto às suas exportações de crude.

Num surpreendente comunicado, EUA e China informam o mundo que "houve um consenso em tomar medidas para reduzir substancialmente o défice comercial de bens dos Estados Unidos com a China".

O texto acrescenta que, "para atender às crescentes necessidades de consumo do povo chinês e à necessidade de desenvolvimento económico de elevada qualidade, a China irá aumentar significativamente as compras de bens e serviços dos Estados Unidos".

Ora, estas duas garantias servem os interesses de Donald Trump, que vê assim a China como ferramenta para aumentar a produção do seu tecido industrial, e serve também os interesses chineses, que deixam de ter a porta para o seu maior mercado exportador fechada em relação à estratégica produção de aço e alumínio.

Com isto, Trump quer reduzir o défice comercial com a China, que em 2017 foi superior a 375 mil milhões de dólares, num esforço englobado na sua promessa de fazer com que a América volte a ser grande, o velho slogan de campanha eleitoral "Make América great again!".