Estes novos valores para o câmbio das duas principais moedas resultam do segundo leilão de divisas efectuado pelo BNA após ter sido abandonada a taxa de câmbio fixa e passado a vigorar o modelo de câmbio flutuante.

O leilão de hoje, terça-feira, contou com pouco mais de 82,6 milhões de euros disponíveis para os bancos comerciais, que absorveram a sua totalidade, segundo nota do BNA publicada no seu site.

No primeiro leilão, o BNA estabeleceu o câmbio face ao Euro nos 221,26 kwanzas e o USD nos 185,51 Akz, que consistiram na primeira alteração cambial em mais de dois anos em que o Euro esteve fixo nos 187 Akz e o USD nos 167 kwanzas.

Face aos valores atribuídos hoje, o Kwanza já perdeu na ordem dos 25 por cento para o euro, e 18 por cento para o dólar, numa semana, desde 9 de Janeiro, quando teve lugar o primeiro leilão.

Na disputa pelo montante, que em dólares norte-americanos foi de cerca de 100 milhões, estiveram 27 bancos comerciais e o valor mais alto atribuído foi de 270,8 kwanzas por euro e o mais baixo 243, 3.

O valor atribuído, em alta face ao primeiro leilão, como o Novo Jornal Online antecipou já hoje, vai manter-se até ao próximo leilão, podendo ser novamente revisto porque o câmbio está agora dependente dos leilões e do "valor médio ponderado" pelo BNA em cada sessão.

Como o BNA anuncia, pelo menos um dos bancos comerciais que licitou as divisas ofereceu 270 kwanzas por euro, o que pode ser entendido como um eventual valor de referência para futuros leilões, sendo que este valor coincide com as estimativas de alguns economistas que apontam para um câmbio médio em 2018 a rondar os 280 a 300 kwanzas por euro, havendo mesmo quem aponte para valores mais altos.

Divisas com destino traçado pelo BNA

As divisas vendidas nesta data destinam-se às seguintes finalidades: 60% para matéria-prima, peças, acessórios e equipamento fabril, 15% a seguros, telecomunicações, transportes e outros serviços, 19% para agricultura, agro-pecuária, pescas e mar, 3% são para artigos de higiene, limpeza, material escolar e de escritório, os mesmos 3% para vestuário, calçado, artigos e utensílios domésticos.

O BNA informa ainda que para bens alimentares, medicamentos e operações privadas, o BNA mantém o mecanismo de vendas directas, via bancos comerciais.

Custo de vida dispara com desvalorização do Kwanza

A nova metodologia para encontrar a taxa de câmbio, dentro da banda de flutuação, foi anunciada pela equipa económica do Executivo, a 03 de Janeiro, durante a apresentação do Programa de Estabilização Macroeconómica (PEM), um instrumento de gestão que visa, em síntese, restaurar a estabilidade e a sustentabilidade da economia do país.

Recorde-se que o Kwanza já desvalorizou entre 2013 e 2016 cerca de 70 por cento no mercado oficial e 180 por cento no paralelo.

Esta medida, definida como depreciação da moeda, visa chegar ao equilíbrio das contas externas, diminuir o diferencial entre o câmbio oficial e o paralelo, reduzir a inflação, aumentar o emprego e melhorar os indicadores sociais do país.

Mas, para já, como o Novo Jornal Online relata, o que está a acontecer é um brutal aumento dos preços generalizados mas com especial incidência nos produtos da cesta básica.