Se a melhor forma de avaliar a importância de uma empresa é o que esta vale em bolsa, onde são os mercados a ditar esse mesmo valor, então a nigeriana Jumia Technologies, fundada apenas há seis anos, em 2013, e focada nas vendas e nos mercados online, emerge com estrondo como uma das sensações do continente africano e do mundo.

Tendo-se estreado, com cerca de 17 por cento do capital, ontem na bolsa de Nova Iorque, NYSE, e sendo a primeira empresa tecnológica africana a fazê-lo, a Jumia abriu a valer 14,5 USD - quase 220 milhões de USD - e antes do final do dia já estava a ser comprada a 25,46, crescendo uns impressionantes 75 % em apenas uma sessão.

Ora, este é um claro sinal de que as empresas com características pan-africanas, como é esta já, depois de ter sido fundada pelos franceses Jeremy Hodara e Sacha Poignonnec , na área de Yaba, Lagos, Nigéria, e fundeadas na tecnologia digital, são as pontas-de-lança do continente para se posicionar para apanhar o comboio da 4ª revolução industrial, onde as tecnologias digitais se fundem com as biológicas e físicas.

Devido à natureza destas tecnologias por detrás da 4ª revolução industrial, as três primeiras, que fizeram do ocidente o poderio económico, social e militar que lhe permitiu dominar o mundo durante os últimos dois séculos - a 1ª, no século XVII, com as máquinas a vapor, a 2ª com a siderurgia e a química, a seguir à II Guerra Mundial, e a 3ª, alicerçada na tecnologia e na especialização - África pode como que saltar por cima deste período de atraso civilizacional e industrial para entrar directamente na carruagem da frente do comboio que está a partir da última estação do presente com destino ao futuro, como admitem alguns analistas.

Este sucesso é explicado pelo fundador da empresa, Jeremy Hodara, com o facto de ter sido uma aposta clara no potencial africano, o que levou a empresa, que já é conhecida nomeio como a "Amazon africana", a estar presente em 14 países, com destaque para os gigantes económicos, para alem da Nigéria, Quénia, Gana, Argélia, Marrocos e Egipto.

"Estamos em 14 nações, de norte a sul de África e de leste a oeste. Chegamos a todos os países que contam com uma boa penetração da internet e dirigimo-nos a 80% da população que usa a internet no continente", explicou Hodara.

A Jumia vende quase tudo pela internet. Se quiser uma televisão ou um telemóvel, um creme de beleza, uma pizza ou um conjunto de sofás, e se estiver num país onde a empresa está presente, então, o sítio para ir é balcão digital deste empresa nigeriana criada por franceses e que se está a espalhar rapidamente por todo o continente, alimentado-se dele mas também ajudando-o a entrar definitivamente no século XXI.

Uma das consequências da acção deste tipo de empresas é terem de fomentar o recurso à internet para existirem, o que no continente africano choca com a realidade de apenas menos de 1 por cento das pessoas usarem o comércio electrónico.

E por cada cliente que trazem para o ciberespaço, diminuem o fosso tecnológico que separa África do resto do mundo, embora a caminhada ainda seja longa, a ponto de a empresa ter acumulado desde a sua criação, há seis anos, mais de mil milhões USD em prejuízos, o que é visto como normal devido à necessidade de grandes somas para construir o seu espaço numa geografia praticamente sem a infra-estrutura crucial para a Jumia prosperar.