Dois dos três mais importantes "agressores" ao acordo assinado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) com a Rússia e, entre outros, o México e o Cazaquistão, para reduzir a produção diária em 1,8 milhões barris por dia (mbpd) até Março de 2018, são dois dos seus membros, a Líbia e a Nígeria.

Ambos ficaram fora do esforço da redução por causa dos conflitos internos e as consequentes crises económicas: a Líbia permanece divida depois do caos que se seguiu à morte do seu líder Muammar Kadaffi mas, de forma sólida, está a retomar a sua produção - actualmente nos 830 mil barris por dia - e a Nigéria, o maior produtor africano, está em igual ascensão com o acalmar das guerrilhas no Delta do Níger.

Entre os dois países, a produção pode estar a subir, nas últimas semanas, segundo os relatos das agências e sites especializados no sector, mais de 300 mil barris, quantidade equivalente ao excesso de produção existente no mundo quando a OPEP assinou o acordo de redução em Novembro de 2016, cujos 1,8 mbpd deixam o mundo com um défice de oferta de 300 mil bpd.

Mas nem todos os países a atravessar crises económicas conseguiram ficar de fora dos esforços dos cortes, como é o caso de Angola, que contribui com 78 mil bpd, e a Venezuela, com cerca de 95 mil, e que, agora, surgem no grupo das principais vítimas - por causa da petrodependência - da solidariedade permitida à Líbia e à Nigéria, cujas produções de petróleo estão claramente em ascensão, contrariando as expectativas.

Por causa destes contributos negativos da Líbia e da Nigéria, mas também do aumento da produção petrolífera alternativa, petróleo de xisto, ou "fracking", nos EUA, o barril de Brent, em Londres, que é a referência para as exportações de Angola, está hoje nos 47 dólares, muito distante da meta a que se propuseram a OPEP e a Rússia, de atingir os 60 USD, pelo menos.

O que pode mudar este cenário é, como admitem alguns analistas, é a evidente instabilidade líbia, que pode levar a novos bloqueios às suas plataformas de produção e de transporte de petróleo, e uma nova trovoada de falências nas empresas do "fracking" norte-americano, cuja extracção é mais cara que a convencional, e deixa de ser viável abaixo dos 60 USD e insuportável aquém dos 45/47, mesmo com a melhoria da tecnologia de extracção, que passa actualmente ainda pela injecção de água a grandes pressões em profundidade no solo para esboroar a rocha de xisto onde está o gás e o petróleo.