Em declarações à imprensa em Paris, França, o ministro Botelho de Vasconcelos recorreu à expressão em inglês 60 USD "is not bad", que pode ser lida como sendo um preço considerado "razoável" para as aspirações de momento do Executivo angolano no que toca às exportações de crude do país.

Botelho de Vasconcelos exprimiu-se também sobre a possibilidade, já dada como adquirida por alguns membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), de os cortes na produção serem prolongados para lá do previamente acordado pelo "cartel" em conjunto com outros países encabeçados pela Rússia.

O responsável ministerial angolano pela pasta dos petróleos acredita que os países exportadores de petróleo e os "aliados" no acordo de Novembro de 2016 para reduzir a produção diária em 1,8 milhões de barris de crude, vão prolongar os cortes para o segundo semestre deste ano.

No acordo alcançado em Novembro de 2016, e que foi, na ocasião, considerado histórico pela forma uníssona como os quase sempre desavindos produtores de "ouro negro" se comportam, ficou definido que os cortes ocorreriam entre Janeiro e Junho deste ano.

No entanto, devido à estagnação do preço do barril na casa dos 50 dólares, tendo alcançado apenas por três semanas um valor acima dos 55 USD, estando actualmente a baixar para os 51, os países da OPEP e a Rússia começam a desenhar um novo impulso no preço ao deixar escapar de forma paulatina a ideia de que o mercado vai continuar a ser enxugado para lá do terminus do primeiro semestre.

Se esse for o caminho escolhido, Angola, como se depreende das declarações de hoje de Botelho de Vasconcelos na capital francesa, onde visita um evento industrial, deve disponibilizar-se para manter a sua quota-parte nos cortes.

Botelho de Vasconcelos garantiu que Angola está a cumprir "mais que integralmente" o corte de 87 mil barris por dia (bpd) acordados no âmbito das negociações de Viena de Áustria, a 30 de Novembro do ano passado.

Recorde-se que o barril chegou a uns dramáticos 23 dólares em Fevereiro de 2016, o que provocou sérias crises em países petrodependentes, como é o caso da Venezuela, cujos efeitos ainda perduram, na Nigéria, a braços com uma forte crise, e também em Angola, como se depreende da gritante escassez de divisas sentida no país.

Foi neste cenário que a OPEP, onde até a Arábia Saudita, o maior produtor do mundo, se viu forçada a admitir os cortes devido igualmente a uma crise financeira, ponderou e concretizou os cortes com o apoio da igualmente afectada Rússia, o terceiro maior produtor mundial, empurrando da casa dos 20 dólares para o patamar dos 50 o preço do barril nos mercados internacionais.

No entanto, devido ao esmorecer dessa pujança inicial, os mesmos países deparam-se agora com a necessidade de injectar vigor no preço da matéria-prima, com o prolongamento dos cortes.