O acordo, que prevê um montante de 3,7 mil milhões de dólares, dos quais 990,7 milhões de dólares serão entregues ainda este mês ao Governo de Angola, "é positivo para a análise de crédito do país já que vai apoiar a estabilização da posição externa do país, a consolidação das finanças públicas e a implementação de reformas estruturais destinadas a diversificar a economia e a aumentar o desenvolvimento do sector privado", lê-se numa análise da Moody's.

Na 'Análise em Profundidade', enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, o analista Aurelien Mali escreve que o acordo assinado por Angola, classificada no nível abaixo de investimento B3 com uma Perspetiva de Evolução Estável, "também deve aumentar a confiança dos investidores na capacidade de Angola implementar o ambicioso plano de desenvolvimento nacional entre 2018 e 2022".

O Programa de Financiamento Ampliado (Extended Fund Facility - EFF), que surge depois do acordo negociado pelo Executivo angolano e o FMI em 2008, visa fundamentalmente a consolidação do ajustamento orçamental.

O programa de assistência financeira, que ficou aquém dos 4.500 milhões de dólares que chegou a ser apontado pelo Governo angolano, foca-se na sustentabilidade fiscal, na redução da inflacção, na promoção de um regime cambial mais flexível, na estabilidade do sector financeiro, mas também na "promoção do desenvolvimento humano, na reforma do sector público, na diversificação e no crescimento inclusivo", explicou o director adjunto do FMI, Tao Zhang, numa nota divulgada na sexta-feira por aquela organização.

"Apesar da nossa avaliação da força institucional de Angola ser 'Muito Baixa', reconhecemos o empenho do Governo em implementar o programa", dizem os analistas da Moody's, acrescentando que é "improvável" que o programa de reformas e modernização económica não seja implementado "dado o sistema de partido dominante no país, a estrutura centralizada de tomada de decisão e o compromisso do Presidente João Lourenço".

A Moody's antevê um crescimento económico de 2,8% em 2019 em Angola, depois de três anos de recessão económica, e prevê que as reservas em moeda estrangeira estabilizem este ano para depois aumentar para 22 mil milhões de dólares no próximo ano, praticamente o dobro do valor actual.

As autoridades angolanas esperam agora um excedente orçamental de 0,5%, face à previsão de défice das contas públicas de 3,5% para este ano, que se segue a um desequilíbrio orçamental de 6% no ano passado.

Os riscos de liquidez, no entanto, permanecem, dada a dependência de Angola do petróleo e as necessidades de financiamento em 2018, que rondam os 18% do PIB, abaixo dos 21% que a Moody's antecipava.

"As necessidades de financiamento devem cair ainda mais para cerca de 12% do PIB em 2019 e o mercado de capitais interno não deverá te problemas em acomodar emissões no valor de 6% no PIB", considera a Moody's, que lembra que há dívida externa no valor de 6% do PIB a vencer no próximo ano.

"Antecipamos que o Governo vá cumprir estas obrigações com um conjunto de financiamentos multilaterais, bancários e bilaterais", concluem os analistas.