Quando, em Março de 2013, Isabel dos Santos revelou, em entrevista ao jornal britânico Financial Times que "desde muito nova" teve sentido para os negócios, pois com apenas seis anos já "vendia ovos", depressa a história caiu nas bocas do mundo como uma brincadeira - e de muito mau gosto.

Entre os que se apressaram a questionar se os ovos seriam de ouro, ou os que se indignaram com as palavras - considerando-as uma afronta para qualquer zungueira e um insulto à inteligência de todos -, as reacções à história da empresária fizeram correr muita tinta.

Agora, volvidos mais de quatro anos, a empresária clarifica, a pedido do The New York Times, o sentido das suas palavras, distanciando-se de interpretações mais latas, nomeadamente de que terá começado a construir o seu império através da venda de ovos.

Segundo Isabel dos Santos, que respondeu ao jornal norte-americano por email, a referência aos ovos pretendia apenas "demonstrar que, desde muito nova, já possuía um espírito empreendedor".

A empresária explica, na resposta ao New York Times, que a sua iniciação no mundo dos negócios começou nos anos 90, com uma pequena empresa de distribuição de bebidas e logística, bem como com a aposta na restauração, produção de eventos e comunicações (os primórdios da Unitel foram um negócio de walkie-talkies).

A estreia da bilionária nos negócios já tinha sido abordada este ano pela empresária, numa conferência na London School of Economics.

"Comecei por vender o meu carro. Tinha cerca de 30 mil dólares nos bolsos", contou Isabel dos Santos, garantindo que foi preciso esperar seis anos até conseguir "chegar a algum lado", numa época em que o acesso ao crédito bancário não fazia parte dos planos de negócio. "Hoje sou feliz por dizer que devo muito dinheiro a muitos bancos", sublinhou.

as tal como em 2013, na entrevista ao Financial Times, as palavras de Isabel do Santos na prestigiada escola londrina deram azo a um coro de críticas, centradas na alegação de que a empresária fez e continua a fazer fortuna à custa de privilégios adquiridos enquanto filha do Presidente da República de Angola.

Uma acusação recorrente que a também presidente do Conselho de Administração da Sonangol - cargo que muitos agregam à sua lista de benefícios - não se cansa de declinar.

Na resposta ao The New York Times, a empresária sublinha que "a respeitabilidade não se adquire por nos relacionarmos com as "pessoas certas"", mas sim através de esforço.

"É algo que se conquista e se alcança ao longo de uma vida de trabalho, acções dignas de respeito, comportamento positivo e coerente, atitudes com bom valor social e através da construção de uma reputação junto dos nossos amigos e dos nossos pares", concluiu a primogénita de José Eduardo dos Santos.