Os ministros dos respectivos países abandonaram a sede da OPEP antes de assinarem um acordo final, de acordo com a Bloomberg, que avança que o príncipe Abdulaziz bin Salman, da Arábia Saudita, deixou a garantia de que esta sexta-feira seriam reveladas "boas notícias".

Na reunião de quinta-feira, os ministros da Energia da OPEP e seus aliados - o chamado grupo OPEP+, no qual se inclui a Rússia - chegaram a acordo para cortar em mais 500 mil barris por dia a produção no primeiro trimestre de 2020.

Na quinta-feira, o ministro angolano dos Recursos Minerais e Petróleo, Diamantino Azevedo, defendeu que a OPEP apresente uma solução que satisfaça os países exportadores e os consumidores.

Esta posição de Diamantino Azevedo surge como uma espécie de meio-termo quando os restantes membros da OPEP e da OPEP+, organismo ad hoc que agrega ao "cartel" países como a Rússia ou o Cazaquistão, entre outros, incluindo a Nigéria, o maior produtor africano, defendem um aprofundamento dos cortes como garante de controlo dos preços e como prevenção para um eventual excesso de produção em 2020 que possa fazer tombar o valor do barril nos mercados internacionais.

Isto, porque Angola prevê, como o governante adiantou antes de partir para Viena, aumentar a produção em 2020, em média, dos 1.390.000 barris por dia para 1.436.000, o que contrasta com, por exemplo, a exigência da Arábia Saudita de uma melhor "compliance" entre os membros no que diz respeito aos cortes assumidos proporcionalmente por cada um dos membros da organização.

O ministro dos Recursos Minerais e Petróleo pormenorizou que o entendimento do Executivo angolano é o de que é possível encontrar uma solução que permita um valor médio para o barril de crude que responda aos interesses dos países produtores/exportadores e os consumidores.

Admite, no entanto, que essa fórmula só pode ser conseguida através de um esforço dos países que integram a OPEP e a OPEP+, como tem acontecido nos últimos dois anos.

Para responder aos requisitos estabelecidos na decisão que antecedeu os cortes actualmente em vigor, Angola deveria estar a produzir 1,481 milhões de barris por dia (mbpd), quando o País apenas está a conseguir uma média de 1,390 mbpd, o que seria o contributo nacional para o corte em vigor desde 01 de Janeiro deste ano de 1,2 mbpd.

E é esse valor, de 1,2 mbpd, que Angola defende no âmbito das discussões que ontem começaram em Viena, primeiro na reunião da OPEP, e hoje já alargada à OPEP+, mantendo estes valores, considerando Diamantino Azevedo, citado pela Angop, que "a continuidade dos cortes na produção vai beneficiar a economia angolana e não só, pelo facto de elevar os preços e proporcionar mais receitas cambiais".

A reunião de todas as expectativas

Esta reunião-chave da OPEP e da OPEP+ está a gerar forte expectativa nos mercados petrolíferos porque nos últimos dias surgiram notícias que apontam de forma clara para o aprofundamento dos cortes na produção.

Desde Janeiro de 2017 que a OPEP+ tem em curso cortes na produção, primeiro de 1,8 milhões de barris por dia (mbpd) e, desde Janeiro deste ano, de 1,2 mbpd, como forma de controlar em alta o preço do barril, que vive actualmente a pressão em sentido contrário da guerra comercial entre os EUA e a China, e ainda o excesso de oferta gerado pela crescente produção norte-americana, muito associada à indústria alternativa do fracking, ou petróleo de xisto.

Nesta reunião, onde estão alguns dos maiores produtores e exportadores mundiais, desde os gigantes Arábia Saudita e Rússia, aos grandes produtores do Médio Oriente, como o Iraque e o Irão, ou ainda as maiores reservas mundiais, como são as da Venezuela, mas também os "gigantes" africanos, a Nigéria e Angola, o que se espera é que sejam cumpridas as "ameaças" de novos cortes.

Cortes esses que têm por finalidade a subida dos preços, mas também impedir o excesso de oferta nos mercados em 2020, como alguns organismos mundiais esperam que aconteça, é o caso da Agência Internacional de Energia e da OPEP.

Este encontro, sublinhe-se, reveste-se de especial importância para Angola, bem como para todos os países que dependem significativamente das exportações de crude para o equilíbrio das suas contas públicas, porque o atraso substancial na diversificação da economia, que o País ensaia já há vários anos, impõe o petróleo como factor determinante.

Para já, em cima da mesa, segundo fontes citadas pelas agências de notícias, está a possibilidade de um aumento dos cortes dos actuais 1,2 mbpd para 1,6 mbpd, mais 400 mil que o corte actualmente em vigor.