"A partir de 1 de abril, levando em consideração a decisão tomada hoje, nenhum país, nem a OPEP, nem a OPEP +, é obrigado a reduzir a produção", disse aos jornalistas o ministro da Energia da Rússia, Alexandre Novak, depois de longas negociações em Viena.

Durante as reuniões, a Rússia recusou a proposta da OPEP de um corte colectivo suplementar de 1,5 milhões de barris por dia até ao fim deste ano.

"Os preços desabaram porque a reunião da Opep acabou por ser um fracasso épico por parte de todos os envolvidos. A Rússia claramente decidiu ter uma abordagem de terra arrasada para o mercado de petróleo: cada país por si", disse John Kilduff, sócio da Again Capital em Nova York, citado pela Reuters.

Os contratos futuros do petróleo Brent tiveram a maior queda percentual diária desde Dezembro de 2008, fechando em baixa de 4,72 dólares, ou 9,4%, a 45,27 dólares por barril. Ontem, o barril de Brent para entrega em Maio era negociado a 45,42 USD, uma queda de 9,10% em relação ao preço de encerramento na quinta-feira, um mínimo desde Junho de 2017.

Para Angola, que esteve presente nesta reunião, o mínimo dos mínimos aceitáveis eram os 55 USD que o Executivo utilizou como referência para a elaboração do Orçamento Geral do Estado para 2020.

Mantendo-se o barril abaixo desta fasquia, o Governo de João Lourenço vai ter, como o ministro dos Petróleos já o admitiu, de analisar a possibilidade de ter de avançar para uma revisão do documento reitor das suas contas, do seu deve e haver anual.

Os efeitos deste descalabro no valor do petróleo desde o início do ano na economia nacional podem ainda surgir como mais dramáticos se as contas forem apresentadas como o fez a ex-PCA da Sonangol, Isabel dos Santos, na sua conta do Twitter, onde lembra que por cada 10 dólares que o barril perde, Angola perde 5% do seu Produto Interno Bruto (PIB).

Isto quer dizer que os 15% que o barril já perdeu deste o início da crise actual, gerada pela epidemia de coronavírus, queimaram cerca de 7,5 por cento da riqueza nacional, medida pelo seu PIB, que actualmente é de cerca de 89 mil milhões de dólares norte-americanos, em 2019, segundo o Fundo Monetário Internacional.