O BCA é o banco que possui na sua estrutura accionista mais candidatos a deputados à Assembleia Nacional nas eleições gerais de 2017, com cinco accionistas, de acordo com a investigação do Jornal Expansão, feita com base nos relatórios de contas dos bancos.O

O Banco Sol vem a seguir, com dois accionistas. As restantes instituições aparecem com um accionista cada, nomeadamente o Finibanco Angola (FNB), o Banco Angolanos de Negócios e Comércio (BANC), e o Banco Pungo Andongo (BPAN).

O cabeça-de-lista do MPLA pelo círculo provincial do Cunene, Kundi Paihama, é aquele que detém maior participação num banco nacional, com 80,27% no BANC.

Já Salomão Xirimbimbi é o que possui mais acções no BCA. O antigo ministro das Finanças, governador da província do Namibe e membro do comité central do partido, possui, neste banco, 11,05% das acções, logo seguido pelo secretário para as relações internacionais do Bureau Político do MPLA, Dino Matross, que detém 7,00% no mesmo banco.

Do quadro accionista do BCA fazem ainda parte Fernando José de França Van-Dúnem, antigo primeiro-ministro, com 3,13%, Augusto da Silva Tomás, actual ministro das Finanças, com 1,44%, e Isaac Maria dos Anjos, cabeça de lista do MPLA em Benguela e ex-governador da mesma província, com 0,27%, escreve o Expansão.

No quadro dos candidatos que mais acções possuem num banco está também o antigo ministro e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Carlos Maria da Silva Feijó. Já o cabeça-de-lista do MPLA em Luanda, Higino Carneiro, possui acções no Banco Keve, pode ler-se no Expansão, que escreve que o Banco Keve não divulga a lista dos seus accionistas, postura adoptada também pelo Banco Prestígio, onde uma das filhas de José Eduardo dos Santos, Wellwitschia dos Santos, "Tchizé", detém participação.

Manuel da Cruz Neto, actualmente candidato à Assembleia Nacional pelo MPLA e ainda candidato às eleições de 23 de Agosto, é outro dos que detêm percentagem no BPAN, outro dos bancos que não divulgam as percentagens detidas por cada um dos accionistas.

A lei orgânica que aprova o estatuto do deputado não impede os deputados de ter participação em sociedades comerciais e demais instituições que prossigam fins lucrativos. Estabelece, porém, como incompatível, o exercício de funções de deputado nestas instituições, entre outros, com o exercício de funções de administração, de gerência ou de qualquer cargo social.

As demais leis existentes no País também são omissas, ou seja, não impedem os deputados de participação em instituições financeiras, nomeadamente a lei das instituições financeiras e a lei das sociedades comerciais, lembra o Expansão.