Este posicionamento de Rui Carreira surge num contexto em que o Novo Jornal, na sua edição de 01 de Novembro, noticiou que a Emirates vai voltar à TAAG, mas, desta feita, entrando pelo capital social da empresa angolana no âmbito do processo de privatização que está a ser estudado pelo Ministério dos Transportes.

No seguimento dessa notícia, como o NJOnline noticiou, a própria TAAG, em declarações do seu porta-voz ao Jornal de Angola, negava que esse negócio tenha existido, acrescentando a informação, desta feita, através de uma fonte anónima do Ministério dos Transportes, que essa informação era "mentira".

Agora, em declarações citadas pela Lusa, em Lisboa, onde se encontra a participar numa iniciativa organizada pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Rui Carreira vem defender que seja rejeitada a entrada da Emirates na TAAG, depois desta ter abandonado a gestão da transportadora nacional há uns meses devido a problemas existentes com a exportação dos seus dividendos de Angola por causa da crise que levou à rarefacção das divisas para o efeito.

Todavia, o presidente da Comissão Executiva da TAAG, insistindo na ideia de que "a experiência é para não repetir", deixa claro que não se trata de uma decisão que tenha sido já tomada mas sim a sua opinião: "Isto engaja-me a mim, é a minha opinião, não sei o que os accionistas vão querer fazer no futuro", deixando assim em aberto a possibilidade de a Emirates poder entrar no capital social da empresa nacional..

E acrescentou: "Qualquer parceria tem sempre subjacente uma atitude comercial, uma estratégia comercial, portanto se a estratégia da TAAG se alinhar com a da Emirates, porque não", questionou, fazendo ainda questão de separar as duas realidades em causa, a gestão da TAAG pela Emirates, enquanto mera gestora, e a possibilidade agora levantada de protagonizar uma injecção de capital.

Para já, disse, a TAAG procura apenas capitais públicos, mas no futuro, a médio prazo, "a companhia vai estar aberta a capitais privados, quer angolanos, quer estrangeiros; é uma lufada de ar fresco no financiamento, que abre boas perspectivas" de forma genérica, na intenção das palavras de Rui Carreira, mas que não fecha a porta à possibilidade de se confirmar a entrada da Emirates, que segundo o Novo Jornal ascenderia a 35%.

Uma situação em tudo distinta da que a Emirates, recorde-se, protagonizou quando esteve envolvida num acordo de cooperação operacional e comercial, assinado em 2013 com o INAVIC (Instituto Nacional da Aviação Civil), que tinha como objectivo modernizar a TAAG e transformá-la numa companhia sustentável financeiramente, que foi elevado a parceria estratégica no ano seguinte, o que levou a companhia do Golfo a gerir integralmente a TAAG.

Mas em Julho de 2017, a Emirates retirou-se desta parceria estratégica, abandonando a TAAG, sob, entre outras, justificação de que não teria condições para manter a gestão da companhia nacional, ao mesmo tempo que reduzia o número de voos de e a partir de Luanda, com a dificuldade de repatriamento de fundos no centro das justificações.