Esta "montanha russa" dos mercados petrolíferos não surgiu por acaso: o maior exportador mundial de crude ficou, de um momento para o outro, incapacitado de injectar na economia global 5,7 milhões de barris por dia, mais de metade da produção actual da Arábia Saudita.

Por detrás desta situação, como o NJOnline tem noticiado nos últimos dias, esteve um ataque com drones reivindicado pelos rebeldes do Iémen, Houthis, que combatem o Governo deste país da região do Golfo Pérsico, e aliado saudita, com apoio do Irão.

Mas os Estados Unidos da América vieram de imediato a terreiro acusar o Irão de estar por detrás dos disparos e o Presidente Donald Trump, apesar de já ter rectificado as declarações iniciais, afirmou mesmo que estava com o dedo no gatilho para atacar os responsáveis, esperando apenas a confirmação saudita.

As autoridades da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, coligação que, com o apoio dos EUA, combate no Iémen contra os rebeldes Houthis, já "confirmaram" que foi o Irão a disparar, mas, com os insistentes desmentidos de Teerão, e a afirmação do seu Ministérios dos Negócios Estrangeiros de que Washington quer passar da fase da "máxima pressão para a a fase do máximo engano", e a China a exigir responsabilidade para quaisquer actos irreflectidos. Trump, ao que tudo aponta, ficou sem espaço diplomático para premir o gatilho.

Face a todo este corrido vertiginoso de informação que se sucedeu aos ataques de Sábado, e quando se temia um novo choque petrolífero de proporções gigantes - embora essa cenário esteja ainda em cima da mesa das possibilidades -, com alguns analistas a temerem que o barril voltasse aos "indigestos", para os países consumidores, e bem-vindos para os produtores, 100 USD do passado, eis que a tempestade parece estar a desfazer-se no horizonte.

Isto, se por um lado, a Saudi Aramco, a petrolífera saudita, veio garantir que tinha stocks para alimentar os mercados sem falhas por semanas, os EUA colocaram à disposição do mundo as suas gigantescas reservas estratégicas de crude, o que levou os mercados a deixarem de temer para o futuro imediato qualquer falha de abastecimento.

Mas os 67,14 dólares que o barril de Brent vendido em Londres, que determina o valor médio das exportações angolanas, valia às 10:40 de hoje, terça-feira, demonstra claramente que esta acalmia não é o fim absoluta da possibilidade de crise, porque, se não são os 71 USD que valeu nas horas imediatas à abertura dos mercados na segunda-feira, é seguramente bastante e significativamente mais que os pouco mais de 60 USD que valia no fecho de sexta-feira anterior aos ataques.

Recorde-se que Angola tem o barril com um preço de referência para o OGE rectificado nos 55 USD e os actuais 67 permitem a obtenção de um superavit importante que, segundo já foi admitido, permite ganhar terreno face à dívida do Estado, externa e interna.