O ministro da Energia russo, Alexander Novak, esteve, nas últimas horas, reunido com as companhias petrolíferas do país para analisar a possibilidade de Moscovo apoiar uma eventual decisão da OPEP+ na extensão dos cortes na produção para além de 01 de Janeiro de 2021, o que está a ser lido pelos analistas dos mercados como um sinal de que dessa data manter-se-ão os cortes actuais de 7,7 milhões de barris por dia (mbpd), quando o plano actual prevê que desçam para os 5,7 mbpd.

Recorde-se que a OPEP+, a organização que junta os Países Exportadores (OPEP) e um grupo de exportadores independentes liderados pela Rússia, tem desde 2017 uma política de equilíbrio dos mercados baseada nos cortes na produção, que, actualmente estão nos 7,7 mbpd até 31 de Dezembro, devendo passar para os 5,7 a 01 de Janeiro.

Esta política de controlo do fluxo de crude para os mercados como resposta à queda na procura, primeiro devido à crise económica e depois, já este ano, ao acumulado dos problemas acrescidos pela crise pandémica da Covid-19, tem-se mostrado eficaz no reequilíbrio dos mercados, especialmente porque junta a OPEP, onde pontifica a Arábia Saudita, o maior exportador do mundo, e a Rússia, que é um dos três maiores produtores do planeta, juntando-se a estes dois os EUA.

Mas os revigorados números da pandemia, com a actual segunda vaga em curso, que estão a obrigar a novos confinamentos na Europa, nos EUA e também a uma maior atenção na China, deverão ser um problema neste final de ano e no início do próximo, visto que as repetidas promessas de uma vacina salvadora não deverá surgir no mercado pelo menos até Março de 2021.

Com o anúncio dos resultados eleitorais dos EUA previstos para quarta-feira, pelo menos parcialmente, e com o crescente vigor da pandemia, os próximos dias deverão ser turbolentos nos mercados, até porque a isso acresce a retoma da normalidade na produção da Líbia, que esteve quase a zero nos últimos meses devido ao conflito militar que está agora suspenso devido a um cessar-fogo assinado entre os rebeldes do general Haftar e o Governo de Fayez al-Ferraj.

Os analistas apontam para que até ao fim da segunda semana de Novembro, a Líbia estará a injectar cerca de 1 mbpd no mercado, o que poderá ser um elemento perturbador do equilíbrio que a OPEP+ pretende para os mercados.

Perante isto, o Brent está hoje a ganhar 2,44%, para os 40 USD por barril, perto das 12:00, relativamente aos contratos de Dezembro, enquanto em Nova Iorque, o WTI ganhava à mesma hora, de Luanda, 2,58%, para 37,76 USD por barril.

A OPEP+ vai voltar a sentar-se à mesa a 30 de Novembro e a 01 de Dezembro, onde será tomada a decisão de manter os actuais cortes ou cumprir com o plano traçado e diminuir os cortes para 5,7 mbpd a partir de 01 de Janeiro.

Para a economia angolana, a decisão que for tomada é fundamental, visto que os preços actuais estão a par do valor de referência para o barril definido na proposta de Orçamento Geral do Estado para 2021, que é de 39 USD.

Quaisquer impactos que as decisões da OPEP+ tomar tiveram serão especialmente sentidos em Angola, positiva ou negativamente, considerando que o País é um dos mais dependentes das exportações de crude, matéria-prima que ainda vale cerca de 95% do total das exportações nacionais.