Por detrás desta queda no valor do petróleo estão alguns dados que o Novo Jornal tem vindo a sublinhar, especialmente a subida importante da produção na Lìbia, depois de largas semanas com a sua infra-estrutura parada devido ao conflito armado e ainda a greve no sector petrolífero norueguês que está a chegar ao fim, voltando estes dois países a introduzir pelo menos mais 500 mil barris por dia no mercado.

Igualmente a empurrar o valor do crude para baixo está o regresso à normalidade na indústria petrolífera norte-americana, depois de o furacão Delta ter obrigado à suspensão da produção de dezenas de plataformas no Golfo do México, afectando a produção dos Estados Unidos e do México, os dois grandes produtores da América do Norte, sem excluir o Canadá.

Esta desvitalização do valor do barril em cerca de 1,4 por cento no que respeita ao Brent, aquela referência que mais impacto tem nas exportações angolanas, teve início na sexta-feira e continuou para hoje, segunda-feira, depois de cerca de uma semana e meia de forte subida tendo esta alcançado os 9%, os mais salientes ganhos desde o mês de Junho, quando a matéria-prima começou a recuperar do "abalo sísmico" gerado pela pandemia da Covid-19.

A mesma pandemia que é agora, de novo, uma forte dor de cabeça para a OPEP+, o cartel que agrega os Países Exportadores (OPEP) e um grupo de 10 não-alinhados liderados pela Rússia, que tem em curso um plano de cortes na produção que está a retirar à oferta diariamente 7,7 milhões de barris por dia (mbpd), sendo a contribuição angolana de escassas dezenas de milhares de barrias mas importante no actual contexto de forte perda de vigor do sector nacional, cuja produção está abaixo dos 1,3 mbpd há vários meses.

Com o petróleo a ser ainda a principal exportação nacional, mais de 95% do total, e o maior contribuinte líquido para a arrecadação de divisas, o Governo de João Lourenço tem criado nova legislação para fazer do sector mais atractivo para os investidores internacionais, mas esse esforço tem sido diluído fortemente pelos efeitos da pandemia em todo o mundo, cujos números não param de engordar obrigando muitos países a voltar a restringir movimentos, especialmente na Europa, Índia, EUA...

Face a este cenário pouco animador, alguns analistas admitem que a OPEP+ poderá antecipar a sua reunião que está marcada para Novembro de forma a analisar a validade do actual programa de resposta à crise pandémica, podendo mesmo ser revisto o plano de cortes.

Para já, o barril de Brent, com referência aos contratos de Dezembro, estava a valer, cerca das 10:40, 42,30 USD, menos 1,28 % em relação ao fecho da sessão de sexta-feira.

Enquanto isso, o WTI, mas para os contratos de Novembro, estava, à mesma hora, de Luanda, a valer 40,01 USD, menos 1,45% que na última sessão.