Entre quinta e o fecho dos mercados na sexta-feira, o barril de Brent, que determina o valor médio das exportações angolanas, subiu quase três dólares, batendo um recorde de mais de dois meses, tendo, no entanto, no mesmo período, perdido a quase totalidade dos ganhos.

A subida resultou de notícias que apontavam para a confirmação de que a Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) e a Rússia, na designação ad hoc OPEP+, vão alargar o período de cortes na produção para além de Março de 2020 e a descida foi "alimentada" por dúvidas sobre a vontade dos EUA em assinar um tratado de paz que porá fim à guerra comercial que este país trava com a China há quase dois anos.

Porém, já hoje, o barril voltou a mostrar ganhos nos gráficos dos mercados de todo o mundo porque Donald Trump e Xi Jinping deixaram, em declarações produzidas ao longo do fim-de-semana, e quando se aproxima a data de nova ronda de negociações, mostrando vontade de acabar com esta "guerra" que tem sido o maior obstáculo à subida do valor do petróleo nos mercados.

Para os países produtores, como Angola, que está na linha da frente dos mais prejudicados com esta quezília entre Pequim e Washington, a manutenção deste impasse é trágico, mas, para as economias europeias, a norte-americana e a chinesa, todos grandes consumidores de crude, a manutenção do barril em baixa é uma boa notícia.

Essa a razão pela qual há mesmo quem defenda que Trump precisa de manter o "status quo" actual para manter os preços em baixa devido à necessidade de manter os combustíveis baratos nos EUA por razões eleitorais, tendo em conta que em Novembro de 2020 vai disputar a recondução do cargo numa das previsivelmente mais disputadas eleições presidenciais de sempre nos EUA.

No entanto, e porque esta guerra comercial com a China está a provocar estragos avultados na economia dos EUA, especialmente nos sectores exportadores das tecnologias e agricultura, e depois do Presidente chinês, Xi Jinping, ter afirmado o seu empenho em resolver o problema, sendo acompanhado no optimismo pelo conselheiro nacional para a Segurança de Trump, Robert O"Brien, que disse ser possível um acordo ainda este ano, o barril voltou hoje a insuflar no seu valor.

Este dado e consequência deixa claro que mais que tudo o resto, inclusive as decisões de manutenção de cortes da OPEP+, organização que tem uma reunião fulcral a 5 de Dezembro, é a ocorrência de um acordo de paz ou não, nesta disputa entre os gigantes económicos mundiais, que vai decidir o comportamento do petróleo nos próximos meses.

Para já, o barril de Brent está a negociar - cerca das 13:00 de hoje, segunda-feira - em Londres a 62,27 USD, menos 0,16 por cento que no fecho de sexta-feira, mas o dia começou com boas perspectivas, a subir cerca de meio ponto, depois de Washington mostrar vontade de acabar com a "guerra" com Pequim.

No entanto, dois dados permanecem em suspense neste dias: o que vai decorrer em Hong Kong, onde milhares de pessoas não deixam as ruas em defesa da liberdade e democracia, e que os EUA consideram essencial, e ainda a anunciada decisão de Pequim em garantir a protecção de propriedade intelectual, uma das exigências mais importantes de Washington.