Por detrás desta forte recuperação no valor da matéria-prima, fundamental para a economia nacional, estão os sinais emitidos pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, de que está disponível para recuar na sua agressiva guerra comercial com a China, que tem estado, há mais de um ano, a esmagar todas as possibilidades de crescimento da economia global.

Mais que não fosse, pelo facto de esta ser uma guerra travada pelas duas maiores economias planetárias e, por isso, fundamentais para definir a quantas rotações segue o motor que impulsiona a economia global, o que é o mesmo que dizer, qual o valor do crude nos mercados internacionais enquanto principal combustível que faz mover essa mesma máquina, apesar do forte crescimento do sector das energias alternativas na última década.

O sinal positivo dado por Donald Trump foi o anúncio feito na segunda-feira de que já não iria aplicar uma tarifa extra de 10% sobre mais de 300 mil milhões de bens importados da China, ao mesmo tempo que anunciava uma nova fase de negociações entre os dois gigantes económicos mundiais para encontrar uma saída para o impasse gerado pelas acusações norte-americanas de que os chineses estão a beneficiar nas trocas comerciais devido ao recurso a políticas injustas, como, por exemplo, o apoio estatal às empresas para serem mais competitivas nas exportações ou ainda no "roubo" de tecnologia, etc.

Mas a redefinição de uma eventual acordo mais abrangente só poderá ser possível num prazo dilatado e depois de longas negociações, até porque Trump não se cansa de dizer que Pequim está a "roubar" os EUA há décadas devido ao não cumprimento das regras do comércio livre internacional.

Para já, e face ao nervosismo que os mercados, quer nas bolsas quer nos mercados petrolíferos, mostram, um anúncio deste tipo, depois de Trump adiar a imposição das novas tarifas à China que estavam agendadas para 01 de Setembro próximo, uns e outros respiraram de alívio e isso resultou de imediato numa subida substancial do barril, tanto em Londres como no WTI de Nova Iorque, tendo o mesmo sucedido nas principais bolsas de valores mundiais.

Mas não são apenas as economias dos países produtores de petróleo, como Angola, que sofrem com a luta dos gigantes EUA e China, também as grandes economias europeias ou as asiáticas mostram óbvios sinais de estarem a sofrer, como é o caso da Alemanha, que está a entrar numa fase prolongada de estagnação.

Apesar de já hoje o barril de Brent ter mostrado sinais de fraqueza, depois de os EUA terem anunciado um aumento nos seus stocks, a verdade é que tudo ficará mais claro dentro de duas semanas, quando as equipas norte-americana e chinesa voltarem a sentar-se à mesa das negociações, uma e outra pressionadas por indicadores pessimistas para os seus desempenhos futuros se a guerra comercial não for trocada por tréguas prolongadas ou um acordo de paz definitivo.

Para já, todos os analistas coincidem na certeza de que, actualmente, e depois das crises no Golfo Pérsico e a ameaça de uma guerra entre os U e o Ião, é o sobe e desce da tensão entre Washington e Pequim que determina o optimismo ou a falta dele na economia planetária e, em particular, nos países dependentes das exportações petrolíferas, como é o caso de Angola.

E o valor do barril de crude é o elemento mais volátil do actual cenário mundial, até porque a Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) e os seus associados na OPEP+, que incluí a Rússia, já deram mostras, através do ministro da Energia da Arábia Saudita, que se o crude não mostrar uma nova vitalidade em breve, estão disponíveis para avançar para novos cortes na produção para baixar a oferta e aumentar os preços, como têm feito desde o início de 2017.

Cerca das 11:00 de hoje, o barril de Brent estava a negociar a 60, 73 USD, uma forte subida face ao início da semana mas menos 0,93% que o fecho da sessão de terça-feira.